A chegada de novos investidores à Bolsa brasileira continua acelerada em 2020. A B3, empresa que opera o mercado de capitais, alcançou 1,945 milhão de pessoas físicas até o mês de fevereiro. O total de CPFs cadastrados na B3 mostra uma evolução de 15,7%, ou 306 mil registros a mais, desde o começo do ano.
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Esse aumento coincide com o momento de juros historicamente baixos no país. A taxa básica (Selic) está hoje em 4,5% ao ano. O novo patamar faz com que o retorno de investimentos de renda fixa fique menos atrativo, empurrando mais pessoas para aplicações de renda variável, como ações e fundos imobiliários (FIIs).
Agora que o mercado aposta em um novo corte da Selic na próxima reunião do Banco Central nos dias 17 e 18 de março, essa tendência impulsiona ainda mais a bolsa. No entanto, a entrada de novos investidores vem acontecendo em um momento de revés do Ibovespa, principal indicador de ações no Brasil.
Desde o começo do ano, o índice já acumula desvalorização ao redor de 9%, após ter chegado a encostar nos 100 mil pontos. O mercado de ações brasileiro vem sofrendo, em maior parte, com os efeitos da propagação da epidemia do coronavírus pelo mundo, que já fez sua quarta vítima confirmada no Brasil.
Mais brasileiros, menos gringos
Ao longo do último ano, a bolsa brasileira mais que dobrou sua base de investidores, um incremento de 868 mil pessoas. A proporção de pessoas físicas no mercado de ações era de 16,2% no mês passado.
E é o investidor brasileiro que vem impulsionando o crescimento do mercado acionário no Brasil. Ele passou a ser maioria na B3 pela primeira vez desde 2014. No ano passado, a participação do capital nacional no mercado de ações ultrapassou a do estrangeiro – 52% contra 48% – e sustentou a alta do Bolsa.
Os estrangeiros vêm retirando cada vez mais recursos da B3. Do começo de 2020 até agora, eles levaram embora R$ 40,129 bilhões do mercado de ações brasileiro, volume próximo do recorde do ano inteiro de 2019 (R$ 44,5 bilhões). O movimento vai na contramão das previsões de que, após a reforma da Previdência, haveria uma enxurrada de dinheiro gringo para o país.
Fila para abrir capital só cresce
Enquanto o Ibovespa não se recupera, a fila de empresas para abrir capital na B3 só cresce em 2020. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o xerife do mercado de capitais no Brasil, analisa no momento 17 pedidos de IPO (oferta pública inicial de ações em tradução livre).
Entre as interessadas, estão a rede de produtos para animais de estimação Petz, o grupo de varejo de moda Soma, a marca de artigos esportivos Track & Field e o birô de crédito Boa Vista. As empresas do setor de construção civil também entraram em peso na fila: entre elas, a incorporadora You e a construtora Cury.
Em 2020, já fizeram IPO a construtora Mitre Realty, a empresa de hospedagem de sites Locaweb, a construtora Moura Dubeux e a empresa de serviços industriais Priner.
Mulheres são 24%
Em fevereiro, as mulheres representavam 24% do total de investidores da B3. Embora essa participação não tenha mudado muito em relação aos anos anteriores, em números absolutos, a bolsa paulista ganhou 78 mil novas investidoras desde o começo do ano.
No final do último mês, elas eram 467 mil, enquanto os homens somavam 1,48 milhão de pessoas. O volume investido por pessoas físicas na B3 em fevereiro chegou a R$ 328 bilhões, sendo que R$ 252 bilhões respondiam pelo patrimônio dos homens e apenas R$ 75 bilhões, das mulheres.
*Com Estadão Conteúdo