As taxas dos contratos futuros de juros emplacaram a quarta sessão consecutiva de queda, com investidores reagindo à melhora da classificação de risco de crédito do Brasil e à decisão do Federal Reserve (Fed) sobre juros, que deu suporte para a baixa dos rendimentos dos Treasuries.
Logo no início dos negócios no Brasil, a agência de classificação de risco Fitch elevou a nota de crédito soberano do Brasil a “BB”, de “BB-” antes, com perspectiva estável, e atribuiu a mudança a um desempenho macroeconômico e fiscal melhor que o esperado.
O anúncio, ocorrido às 9h, abriu espaço para mais um dia de baixa para as taxas futuras no Brasil, ainda que o movimento fosse limitado pela expectativa em torno da decisão de política monetária do Fed, marcada para o meio da tarde. Durante a espera pelo Fed, os juros da ponta longa da curva chegaram a subir.
Às 15h, o Fed elevou sua taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, citando a inflação ainda alta como justificativa para o que são agora os maiores custos de empréstimos nos EUA em 16 anos.
Além disso, o comunicado que acompanhou a decisão deixou a porta aberta para novos aumentos.
“O Comitê (Federal de Mercado Aberto) continuará avaliando informações adicionais e suas implicações para a política monetária”, disse o Fed em linguagem pouco alterada em relação ao comunicado de junho, deixando as opções de política monetária do banco central em aberto enquanto busca o ponto de parada para o ciclo de aperto atual.
Após a decisão, os mercados se voltaram para a fala do chair do Fed, Jerome Powell, para quem a instituição está limitada sobre quanto pode dizer em relação a futuras decisões sobre juros. Em outras palavras, Powell não se comprometeu em relação aos próximos passos da política monetária.
“Precisamos nos manter focados e achamos que precisaremos manter a política em níveis restritivos por algum tempo, e precisamos estar preparados para aumentar ainda mais as taxas se acharmos apropriado”, disse.
Durante a fala de Powell, os rendimentos dos Treasuries de 10 anos ampliaram a queda nos EUA e, em paralelo, os juros futuros tiveram um impulso de baixa no Brasil, em toda a curva.
Dois profissionais ouvidos pela Reuters não identificaram pontos específicos da fala de Powell que justificassem a redução de prêmios no exterior e no Brasil. Ambos avaliaram que o Fed se colocou como “data dependent” (dependente de dados da economia) e que não há definição sobre os próximos passos.
Para um dos profissionais, mais que a decisão desta quarta-feira do Fed, a melhora da nota de crédito do Brasil pela Fitch e a deflação registrada pelo IPCA-15 de julho são fatores que justificam um corte de 0,50 ponto percentual da taxa básica Selic pelo Banco Central já na próxima semana. Hoje, a Selic está em 13,75% ao ano.
Perto do fechamento desta quarta-feira — já sob a influência da decisão da Fitch e com as falas de Powell sendo digeridas — a precificação na curva a termo brasileira era de 68% de chances de corte de 0,50 ponto percentual da Selic na próxima semana e de 32% de probabilidade de corte de 0,25 ponto percentual. Na terça-feira, os percentuais eram de 65% e 35%, respectivamente; na segunda-feira, de 55% e 45%.
No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 12,61%, ante 12,643% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,58%, ante 10,643% do ajuste anterior. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2026 estava em 10,04%, ante 10,079% do ajuste anterior, e a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,13%, ante 10,147%.
O recuo das taxas futuras no Brasil ocorreu em sintonia com a queda dos rendimentos dos Treasuries de 10 anos nos EUA.
Às 16:52 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos — referência global para decisões de investimento — caía 5,70 pontos-base, a 3,8549%.
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