Depois de a S&P melhorar a perspectiva e a Fitch elevar o rating do Brasil, outras duas agências seguiram o movimento. Nesta sexta-feira (28), a DBRS Morningstar subiu nota de crédito de longo prazo do Brasil para BB, contra BB(low) anteriormente. Já a Austin Rating alterou a perspectiva do rating soberano de estável para positiva em moeda local, mantendo estável para moeda estrangeira.
As duas agências citaram como justificativa a melhora nas perspectivas fiscais após o avanço do novo arcabouço fiscal, embora tenham citado que ainda há desafios pela frente.
O governo comemorou as melhorias nas avaliações das agências de risco. “Tais movimentos demonstram percepções de melhora nas condições fiscais e econômicas e o reconhecimento de que as medidas e reformas em curso no país estão no caminho certo”, disse em nota o Ministério da Fazenda.
Apesar da melhora, o Brasil não tem grau de investimento por nenhuma das agências de classificação de risco – ou seja, segue avaliado como especulativo.
O que diz a DBRS
Em relatório, a DBRS Morningstar apontou ou que a alta do rating “reflete principalmente a diminuição dos riscos negativos para as perspectivas fiscais”, citando medidas do governo para aumentar as receitas e o avanço do arcabouço fiscal no Congresso.
A agência, que acredita que o novo marco para as contas públicas será aprovado em agosto, disse que, mesmo que as metas de resultado primário almejadas no arcabouço não sejam atendidas de início, “o novo quadro sinaliza que os resultados fiscais continuarão a melhorar durante o governo Lula”.
No relatório, a DBRS avaliou uma série de reformas aprovadas ou avançadas ao longo deste e do último governos como positivas para a nota de crédito do Brasil, e ainda mencionou a credibilidade do Banco Central.
“A credibilidade de perseguir as metas de inflação do Banco Central foi fortalecida com base em mudanças institucionais e um histórico sólido”.
DBRS Morningstar, em relatório
Mas, “apesar desses desenvolvimentos positivos, o Brasil continua a enfrentar desafios de crédito significativos”, alertou a agência. “Em particular, a alta dívida pública, um grande déficit fiscal e as perspectivas de crescimento modestas deixam a economia vulnerável a choques.”
A DBRS é a quarta maior agência de rating do mundo, atrás apenas de três instituições conhecidas no mercado financeiro como as “Big Three” (três grandes, em português): Standard & Poor’s (S&P), Moody’s Analytics e Fitch Ratings.
O que diz a Austin Rating
Além de melhorar a perspectiva para positiva, a Austin Rating, maior agência nacional de rating, afirmou do rating soberano do Brasil em moeda local em BB+ (duplo B mais). Já em moeda estrangeira, a perspectiva da Austin segue preservada como estável e o rating, em BB+.
Segundo comunicado, a avaliação considerou “a melhora da perspectiva do ambiente fiscal em virtude da aprovação do novo arcabouço fiscal”. Além disso, a Austin diz que “também pesou na decisão o quadro recente de melhora dos indicadores antecedentes, como índice de confiança empresarial, industrial e dos consumidores, bem como as recorrentes revisões para cima das projeções de crescimento do PIB e a política monetária estimulativa (queda dos juros) em breve”.
“Estamos a um degrau para voltar a atingir o grau de investimento para o Brasil.”
Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating
Sobre o rating em moeda estrangeira, a agência aponta que ainda há pontos de atenção como “fortalecimento do saldo da balança comercial” e “alterações no fluxo de divisas estrangeiras para o mercado de capitais brasileiro”. Para Alex Agostini, “nenhuma das duas condições destacadas tem força suficiente, por ora, de alterar a capacidade de solvência do país em moeda estrangeira, preservando, dessa forma, a nota de risco”.
(* com informações da Reuters)
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