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Finanças

Balanço da Ambev agrada e pode sinalizar futuro promissor, dizem analistas

Empresa obteve salto no lucro líquido apesar de queda expressiva no volume de vendas.

O resultado positivo divulgado pela Ambev (ABEV3) no terceiro trimestre agradou os investidores e pode sinalizar um futuro promissor para a empresa, apontam analistas ouvidos pelo InvestNews. A reforma tributária, a inflação e os juros sobre capital próprio (JCP) foram apontados como pontos de atenção.

A empresa reportou um salto de 19,3% no lucro líquido em uma base orgânica. “O resultado foi impulsionado pelo câmbio e preços de commodities mais baixo, além de uma maior eficiência em despesas de distribuição e administrativas”, comenta Hulisses Dias, analista CNPI e mestre em finanças pela Sorbonne.

Engradados de cerveja da Ambev são retratados em unidade em Fortaleza, Brasil. 10/01/2019 REUTERS/Paulo Whitaker

Segundo a empresa, os preços mais baixos do alumínio e as taxas de câmbio favoráveis compensaram uma queda nos volumes de vendas em comparação com o ano anterior. Um aumento de 13,6% nas vendas da América Central e no Caribe foi ofuscado por uma queda de 9,4% no sul da América Latina e uma queda de 13,1% no Canadá.

Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management, considera que a maior eficiência foi resultado de ações tomadas pela Ambev. “A empresa está atingindo as metas estipuladas, e está no caminho certo para um crescimento mais exponencial”, diz.

A ação da empresa fechou o pregão desta terça-feira (31) em alta de 4,05%. Enrico Cozzolino, head de análise da Levante, considera que o papel da fabricante de bebidas tem espaço para avançar mais. “Ambev acaba sendo uma empresa descontada, com uma relação de risco-retorno interessante para crescer.” No ano, o papel ainda acumula queda de cerca de 11%.

Marcelo Boragini, sócio e especialista em renda variável da Davos Investimentos, considera que ainda é preciso atenção com o papel. “O investidor deve sim ficar de olho, acompanhar mais de perto pra ver os próximos pra capítulos com relação aí as tributações.”

Ambev
Ambev. Foto: Divulgação

A reforma tributária em tramitação no Congresso pode incluir um “imposto sobre pecado”, que incidiria sobre itens como cigarros, bebidas alcoólicas e pesticidas, afetando diretamente a Ambev.

Dias comenta que o futuro dos juros sobre capital próprio e uma possível alta da inflação também são pontos de atenção sobre o futuro da empresa.

Outras cervejarias entregaram bons resultados

AB Inbev, Carlsberg e Heineken aumentaram suas receitas no terceiro trimestre, impulsionadas pelos aumentos de preços e pelo fato de os consumidores optarem por cervejas mais caras, mesmo comprando menos cerveja.

Analistas e investidores afirmam que as empresas poderão observar um aumento na margem em 2024, uma vez que os altos custos de determinadas matérias-primas devem diminuir em alguns mercados, mas os fabricantes de cerveja afirmam que não esperam reduzir os preços.

O diretor financeiro da Heineken, Harold van den Broek, disse na semana passada que havia “baixo risco” de a cervejaria ter que reduzir os preços no próximo ano.

A Carlsberg adotou uma posição semelhante. “Não estamos planejando nenhuma redução de preços em lugar algum”, disse o presidente-executivo Jacob Aarup-Andersen a jornalistas após a divulgação dos resultados do terceiro trimestre nesta terça-feira.

Na verdade, a cervejaria está planejando novos aumentos de preços em 2024, com alguns custos ainda aumentando, disse ele.

Embora enfrentem um atraso no alívio dos custos devido ao hedging, as margens agora devem ter atingido seu ponto mais baixo e as cervejarias podem começar a reconstruí-las para níveis históricos, disse Tom O’Hara, gerente de portfólio da Janus Henderson.

A margem bruta da AB InBev caiu de quase 62% no primeiro semestre de 2019 para pouco menos de 54% no primeiro semestre deste ano. A margem de lucro operacional da Heineken no primeiro semestre foi de 13,4% neste ano, contra 15,6% no primeiro semestre de 2019.

“A expansão da margem deve ocorrer com bastante força no próximo ano”, acrescentou O’Hara, cujo fundo detém ações da AB InBev.

(*Com informações da Reuters.)

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