Ações da Gol despencam após notícia de possível recuperação judicial

As ações da Gol (GOL4) despencavam mais de 11% na abertura do Ibovespa nesta segunda-feira (15) após notícia de que a companhia cogita pedir recuperação judicial. As ADRs da companhia negociadas nos EUA também caíram no pré-market, mas com menos força (3,4%). Às 15h25, os papeis recuavam 8%, cotados a R$ R$ 6,99.

Segundo a coluna “Painel S.A., da Folha de S. Paulo”, a empresa de aviação pretende aderir ao Chapter 11 (Capítulo 11) da lei de falência americana por ser mais vantajoso do que o processo brasileiro. Um dos pontos é a maior possibilidade de financiamentos no exterior além da previsibilidade das regras.

Apesar de a companhia estar tentando viabilizar um plano de reestruturação de dívidas fora da Justiça nas próximas semanas, fontes apontaram que os vários interesses na mesa de negociação são um imbróglio. De credores financeiros, investidores a arrendadores de aeronaves, este último, por exemplo, aponta que as negociações de uma recuperação judicial no Brasil “só permite conhecer como começa, jamais como termina”.

A rival Latam, por exemplo, entrou com seu pedido de rj no tribunal de falências em Nova York em maio de 2020, e dois anos depois o processo havia sido concluído.

A questão é que a Gol não tem uma presença pujante no mercado dos EUA, o que abre possibilidades de o processo ser recusado, causando maiores gastos para a companhia e perda de tempo – ao ter de recorrer à Justiça brasileira.

Ainda segundo “O Painel”, consultores e advogados já foram contratados, a exemplo do escritório Pinheiro Guimarães Advogados. A assessoria é do Milbank, Lefosse e TWK, além da consultoria de Seabury Capital, especializada em reestruturação de dívida no setor aéreo.

A dívida da Gol é estimada em R$ 20 bilhões, sendo que R$ 3 bi vencem em até 12 meses. Segundo agências de risco e fontes a par do assunto, o caixa da companhia seria insuficiente para honrar os compromissos a curto prazo.

Segundo nota da Gol ao InvestNews, o foco da companhia está sempre na “confiabilidade de suas operações e em proporcionar a melhor experiência de viagem aos seus clientes. Ao mesmo tempo, a companhia continua seus esforços para melhorar a lucratividade e fortalecer seu balanço. A GOL está em discussões com seus stakeholders financeiros sobre diversas opções que tragam maior flexibilidade financeira, incluindo capital adicional para financiar as operações. Todas as ações visam posicionar a GOL para o sucesso de longo prazo, à medida que a Companhia continua a cumprir sua missão de democratizar o transporte aéreo no Brasil.”

Investor Day

Em dezembro, durante o “Investor Day”, a aérea discutiu os desafios que estava enfrentando, uma vez que a liquidez da empresa era insuficiente para colocar no ar as suas 20 aeronaves ociosas. A justificativa é o custo de até US$ 250 milhões (R$ 1,2 bilhões), enquanto sua posição de caixa era de R$ 994 milhões no terceiro trimestre de 2023.

Setor de aviação é complexo

Reconhecido pelos investidores por ser um setor de ambiente difícil dado à sensibilidade a custos e sazonalidades, isso tem se refletido no desempenho das ações de companhias americanas e latinas.

Dados da Economatica apontam que em 2024, todas as ações de cobertura da plataforma registram desempenho negativo. “Em períodos mais extensos, a situação é pior, com uma queda média em dólares de 49,7% em um período de quatro anos e de 38,8% em cinco anos”, aponta a plataforma.

Já analisando os últimos 12 meses encerrados em 12 de janeiro, as companhias aéreas perderam de forma combinada mais de US$ 4 bilhões em valor de mercado. Veja abaixo: