A 3R Petroleum (RRRP3) anunciou via fato relevante nesta segunda-feira (22) que contratou bancos por meio de sua subsidiária em Luxemburgo para uma emissão de dívida no montante de até US$ 500 milhões com vencimento em 2031. O movimento vem após a petroleira apontar na semana passada que estuda uma possível fusão de ativos em terra com a PetroReconcavo (RECV3) depois que a Maha Energy, um de seus acionistas, instigou a companhia.
A questão é que analistas apontaram que caso a fusão acontecesse, a 3R reduziria significativamente sua alavancagem (R$ 1,4 bilhão) e traria confiança de que não seria preciso fazer um aumento de capital – movimento oposto ao divulgado hoje.
Mas segundo Hugo Baeta, analista de renda variável da AF Invest, o fato de a 3R estar emitindo uma dívida não inviabiliza a possível fusão, se de fato vier a acontecer, uma vez que a petroleira estaria fazendo um reperfilamento de dívidas.
De fato, a 3R pretende utilizar o montante para refinanciamento de dívidas, em especial, as relacionadas à aquisição do Polo Potiguar, adquirido da Petrobras (PETR4).
Ainda segundo Baeta, com a captação, abre-se espaço para uma melhor precificação da companhia na proposta de fusão, que vem sendo estudada.
No entanto, a PetroReconcavo diz que até o momento não recebeu nenhuma proposta e que não está em negociação. O que aponta que a “bola” está com a 3R.
Caso a fusão dos ativos onshore se concretize, a PetroReconcavo irá assumir R$ 1,4 bilhão em dívidas da 3R, montante superior ao ganho de R$ 1,1 bilhão estimado pela sueca Maha com as sinergias operacionais. Por isso que a AF Invest aponta que a tendência é que haja uma discussão para melhorar a precificação da proposta.
Na avaliação de BTG e XP, apesar do acordo ser de certa forma esperado, as empresas podem se beneficiar materialmente com a fusão.
As ações de ambas as companhias lideram as altas entre as empresas de petróleo, gás e biocombustíveis listadas na B3 no acumulado de 2024, segundo a Quantum Finance. No ano, RRRP3 acumula alta de 12,4% e RECV3 de 8,1% até 18 de janeiro. Já nos últimos 12 meses, ambas registram perdas de 31,9% e 24,6%, respectivamente. Veja abaixo:
Nome | Ticker | Retorno 2024 | Retorno 12 meses |
3R PETROLEUM | RRRP3 | 12,44% | -31,92% |
COSAN | CSAN3 | -6,56% | 11,40% |
ENAUTA | ENAT3 | -4,23% | 38,64% |
LUPATECH | LUPA3 | -4,42% | -68,84% |
OCEANPACT | OPCT3 | -12,60% | 87,50% |
PET MANGUINHOS | RPMG3 | -2,83% | 26,38% |
PETROBRAS ON | PETR3 | -0,08% | 81,66% |
PETROBRAS PN | PETR4 | 0,78% | 101,35% |
PETRORECONCAVO | RECV3 | 8,10% | -24,64% |
PETRORIO | PRIO3 | -3,13% | 14,36% |
ULTRAPAR | UGPA3 | 4,34% | 128,69% |
VIBRA | VBBR3 | -0,35% | 59,76% |
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