Com a inflação americana aumentando um pouco a mais do que o esperado em janeiro, os mercados nos EUA tiveram uma rodada de ajustes das expectativas quanto o início dos corte dos juros pelo Federal Reserve (FED). Segundo economistas e analistas do mercado, isso deve acontecer em junho. Logo, o dólar ganhou força.
“Devemos ver uma rodada de alta do dólar por aqui reagindo ao movimento dos juros por lá, mas acredito que deve ser limitado esta correção, afinal, já está praticamente no preço a perspectiva de que os juros vão cair apenas no segundo semestre e neste sentido não há muito mais espaço para piorar os juros por lá”, aponta o economista André Perfeito.
Na tarde desta quarta-feira (14), o dólar à vista avançava 0,14%, cotado a R$ 4,96.
Segundo análise da Avenue, o impacto do resultado do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) foi sentido nas taxas de juros dos títulos de dívida americana, que registraram forte alta em todos os vértices (os rendimentos do Treasury de dez anos, referência global de investimentos, subiram 15 pontos-base, alcançando o pico de 4,32%); os futuros de ações reagiram negativamente; e o dólar, medido pelo índice DXY, se valorizou. Logo, esfriaram as apostas de cortes de juros no curto prazo.
“Refletindo tais números, vimos mais uma vez, um ajuste nas expectativas em relação aos possíveis cortes de juros pelo FED. Agora o mercado prevê que o primeiro corte se dará somente em junho”, comenta William Castro, estrategista chefe da Avenue nos EUA.
Na véspera, os índices americanos registraram as maiores baixas em mais de uma semana, com o Dow Jones registrando seu pior dia em 11 meses.
Mas na manhã desta quarta-feira (14), o movimento foi o oposto, apontando que a reação negativa pode ter sido de curtíssimo prazo.
Na abertura do pregão, o Dow Jones subia 0,26%; o S&P, 0,47% e o o Nasdaq Composite ganhava 0,81%.
Cenário doméstico
No Brasil, a perspectiva de juros com menos cortes nos EUA reiteram o cenário de juros menos baixos no país, de acordo com André Perfeito. Por isso, o economista mantém a previsão de uma taxa Selic em 9,75% ao final do ciclo de cortes.
O índice americano (IPC) aumentou 0,3% no mês passado, depois de ter subido 0,2% em dezembro. Nos 12 meses até janeiro, o indicador aumentou 3,1%. Economistas previram que o IPC aumentaria 0,2% no mês e 2,9% no comparativo anual.
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