Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) – O governo do Brasil prevê que o BID Invest, o braço privado do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), passará por um aumento de capital de 3,5 bilhões de dólares, disse nesta terça-feira uma autoridade do Ministério do Planejamento e Orçamento.
Segundo Renata Amaral, secretária de Assuntos Internacionais e Desenvolvimento da pasta, o Brasil deverá contribuir com sete parcelas anuais de 62 milhões de dólares para esse aumento de capital, a partir de 2025, com um investimento total de 434 milhões de dólares.
Ela destacou que o Brasil apoiava um aumento de capital um pouco maior, de 4 bilhões de dólares, mas considera o valor de 3,5 bilhões de dólares, fruto de uma “negociação longa” e que teve “forte participação” dos norte-americanos, como “muito bem visto” pois dobrará o capital do BID Invest.
A investida vai ao encontro da bandeira brasileira levantada pelo governo durante sua presidência do G20 de reforma dos bancos multilaterais de desenvolvimento para que aumentem sua capacidade de financiamento num momento em que o mundo precisa de mais recursos, notadamente para a transição climática.
O BID e o BID Invest realizarão suas reuniões anuais de Conselhos de Diretores de 6 a 10 de março na República Dominicana, quando o Brasil será representado pela ministra do Planejamento, Simone Tebet.
Em novembro, a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, manifestou apoio a um aumento de capital “significativo” para o BID Invest, conforme Washington trabalha para deslocar cadeias de abastecimento para longe da China e expandir opções de “nearshoring” — levando a produção para mais perto dos mercados consumidores.
O Brasil também espera um anúncio da Suécia sobre um aporte de 250 milhões de dólares em garantias para o programa “Amazônia Sempre” do BID, abrindo caminho para um aumento de financiamento para o desenvolvimento sustentável da região em cerca de 460 milhões de dólares, acrescentou Amaral.
A secretária destacou, ainda, que a ministra Tebet irá à República Dominicana com intensa agenda de reuniões bilaterais, buscando mobilizar os países vizinhos e os bancos de desenvolvimento a tirarem do papel projetos de infraestrutura para avançar na integração sul-americana.
A investida, que mira aumentar o comércio na região e também reduzir custos de transporte para a Ásia, é uma grande prioridade do ministério, que anunciou no ano passado 10 bilhões de dólares de bancos de desenvolvimento para a iniciativa, incluindo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), BID, CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina) e Fonplata (Fundo Financeiro para Desenvolvimento da Bacia do Prata).
“O que a gente está fazendo agora é um trabalho de estimular e escutar os outros países da região para eles priorizarem esses projetos de integração e usarem esse dinheiro dos bancos que está destinado a esses projetos”, disse Amaral.
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