O banco central dos EUA pretende cortar seus juros três vezes neste ano. Já o nosso indicou só mais uma queda de meio ponto percentual na taxa Selic em maio – ou seja, o ritmo tende a desacelerar para 0,25 pp em breve. 

Esse foi o desfecho da Super Quarta de decisão dos bancos centrais. A expectativa dos investidores é de que ambos os movimentos ocorram em junho. A pergunta, então, é: como ficam os mercados até lá?

Para o economista Tony Volpon, professor adjunto da Georgetown University e ex-diretor do Banco Central, os ativos de risco tendem a se beneficiar da sinalização mais suave (“dovish”) do Fed, apesar da linguagem mais dura (“hawkish”) do Copom.  

“O Fed bom deve prevalecer ao Copom hawkish”

Tony Volpon, economista e professor adjunto da Georgetown University

Traduzindo: o Ibovespa deve pegar carona no embalo das bolsas de Nova York. Foi isso o que se viu ao final do pregão da quarta-feira (20), com a bolsa brasileira apagando a queda acumulada em março e reduzindo as perdas desde o início do ano para 3,8%. 

Já o dólar voltou a ficar abaixo de R$ 5,00, interrompendo uma série de altas que levou a moeda à maior cotação desde outubro. Segundo Volpon, essa reação imediata pode se estender até o fim do trimestre, após certa letargia dos mercados ao longo deste mês.

Notas de dólar e um gráfico verde de mercado financeiro desfocado no fundo.
Ibovespa e dólar devm seguir no embalo dos mercados no exterior, na esteira da decisão do Fed

De qualquer forma, o momento exato do primeiro corte do Fed ainda é incerto, assim como até onde o juro básico brasileiro cairá. E isso deve continuar trazendo volatilidade aos mercados. 

“Tudo depende de como e quando esses cortes acontecerão”, avalia Ricardo Jorge, especialista em mercado de capitais e sócio da Quantzed.

Pombo x Falcão

A virada da folhinha ao final da semana que vem volta a deixar os mercados dependentes de dados sobre inflação e mercado de trabalho. Ou seja, a partir de abril e ao longo do segundo trimestre, o apetite dos investidores por risco será testado ao sabor dos indicadores econômicos. 

“Os mercados vão ficar atentos aos próximos dados, pois eles irão ditar o ritmo da política monetária nos EUA e no mundo”

Ricardo Jorge, especialista em mercado de capitais e sócio da Quantzed

Lá fora, o Fed não deu muita importância aos números “mais salgados” do índice de preços ao consumidor (CPI) no início de 2024, ao mesmo tempo em que elevou a previsão de crescimento econômico (PIB), por causa do aumento da produtividade.