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Finanças

BC não reage à reprecificação no câmbio, diz Campos Neto

(Reuters) – O Brasil tem uma taxa de câmbio flutuante e por isso o Banco Central só deve intervir no dólar em casos de disfuncionalidades, disse nesta quarta-feira o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, acrescentando que a autoridade monetária não reage a reprecificações de prêmio de risco por parte dos mercados.

Seus comentários, feitos em reunião com investidores em Washington, nos EUA, vieram ao ser questionado sobre a possibilidade de intervenção depois que o dólar disparou na véspera pelo quinto pregão consecutivo, atingindo um pico intradiário próximo de R$ 5,29, com alguns agentes financeiros afirmando que isso justificaria intervenção do BC.

A autarquia se manteve à margem e não interveio na terça-feira.

Depois de na véspera ter fechado em R$ 5,2686 na venda, marcando máxima desde 23 de março de 2023 e acumulando ganho de mais de 5% em cinco sessões, o dólar tinha nesta tarde queda de 0,05%, a R$ 5,2661 na venda.

O recente salto do dólar tem sido atribuído por membros do mercado a pessimismo crescente sobre quando o Federal Reserve começará a cortar os juros, a tensões geopolíticas crescentes e ao aumento da incerteza fiscal doméstica após o relaxamento da meta de resultado primário para 2025 pelo governo.

Campos Neto afirmou que é preciso entender como a recente mudança na meta fiscal do governo para 2025 afetará a função de reação da autoridade monetária.

Falando em reunião com investidores em Washington, Campos Neto disse que perdas de credibilidade ou questionamentos sobre a âncora fiscal elevam o custo do lado monetário. Ele reforçou que não há relação mecânica entre o fiscal e o patamar dos juros, mas destacou que maiores prêmios de risco cobrados pelo mercado em meio ao pessimismo podem “dificultar” a condução da política monetária.

Segundo o presidente do BC, a persistência de uma falta de previsibilidade intensa pode significar uma redução no passo de afrouxamento monetário, acrescentando que incerteza é a grande questão do próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom).

Ele disse que o BC não terá medo de fazer o que é preciso para enfrentar esses riscos, ainda que eventuais mudanças na orientação futura da autarquia possam gerar problema de credibilidade.

Campos Neto destacou que a maior parte das incertezas é global, mas também destacou riscos fiscais domésticos após afrouxamento da meta de resultado primário para 2025.

A taxa Selic está atualmente em 10,75%, após seis cortes consecutivos de 0,50 ponto percentual pelo BC desde agosto do ano passado. A orientação futura do mais recente encontro do Copom previa manutenção do ritmo de corte pelo menos em sua próxima reunião.

(Por Bernardo Caram e Luana Maria Benedito)

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