“Os motores da tendência de alta do mercado acionário permanecem intactos”, diz Mathieu Racheter, do Julius Baer. O estrategista-chefe de ações do banco suíço entende o seguinte: a atual correção na bolsas globais, que entraram em queda livre neste mês de abril, oferece uma boa oportunidade para aumentar a posição em ações – em especial de países emergentes, mais sensíveis aos ciclos econômicos.

É uma forma de ver o lado meio cheio do copo. Se de uma perspectiva vemos temos bancos centrais mais duros do que se previa, a começar pelo Fed, por outra, é nítido que os fundamentos da economia global seguem fortes.

Nos EUA, a saúde fora de série do mercado de trabalho fecha as portas para cortes de juros tão cedo – já que esse fator alimenta a inflação. Mas esse mesmo fator também afasta qualquer perspectiva de recessão – possibilidade que até outro dia assombrava o mercado.

Por aqui, o Boletim Focus divulgado na terça (23) traduz bem o caráter misto do cenário atual. Como todos esperavam, a previsão para a Selic ao final do ano subiu (de 9,13% na semana passada para 9,50%); idem para o dólar (de R$ 5,00 de R$ 4,97). Mas as perspectivas para o crescimento da economia seguem em alta.

O relatório trouxe mais uma revisão para cima – a décima seguida – na previsão para o PIB. Os economistas consultados pelo BC apontam para um crescimento de 2,02% em 2024 – há uma semana, era 1,95%; há um mês, 1,85%.