As indenizações às perdas causadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul, já estimadas em R$ 1,6 bilhão, devem, rapidamente, mais do que dobrar, disse hoje o presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), Dyogo Oliveira.
Pelo último levantamento da associação, apresentado há duas semanas, o total de sinistros reportados já passou de 23 mil. Oliveira salientou, no entanto, que este é um balanço preliminar. “Ao longo das próximas semanas, este número deve crescer consideravelmente”, disse o presidente da CNseg, lembrando que grandes indústrias foram atingidas pelas inundações.
Questionado, durante painel no fórum organizado pela Esfera no Guarujá, sobre quanto o valor dessas indenizações deve subir, Oliveira estimou que pode mais do que dobrar.
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Ex-ministro do Planejamento e também ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Oliveira lembrou da tragédia climática no Rio Grande do Sul ao defender mais uma vez o seguro social de catástrofes. A proposta prevê indenização emergencial de R$ 15 mil por moradia destruída.
Para o setor de seguros, frisou, a transformação climática já aconteceu. Só últimos quatro anos, lembrou Oliveira, “tivemos duas secas e duas enchentes. Temos é que olhar para o futuro e pressionar para a redução das emissões e do consumo energético”.
“Temos que olhar e aprender com o Japão. Eles têm um tsunami a cada 100 anos, mas se preparam todo ano para um evento que acontece a cada 100 anos. No Brasil temos enchentes todos os anos e não nos preparamos”, criticou o presidente da CNseg.
Outro ponto destacado por Oliveira é o da resiliência – ou seja, a adaptação do país, como infraestrutura mais resistente, a eventos climáticos. “Temos que nos adaptar a essa nova realidade. Precisamos prevenir, cuidar das encostas, drenagem nas cidades e buscar mais resiliência, construir mais casas e edifícios resistentes”, Oliveira.
De acordo com ele, o brasileiro não tem cultura de fazer seguros a suas casas, o que explica por que as indenizações no Rio Grande do Sul são muito menores do que os prejuízos que a população teve com as chuvas. Mas Oliveira reconhece que o setor de seguros precisa avançar muito ainda a questão de coberturas de infraestruturas.
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“Temos que ter seguro de infraestrutura, ampliação de seguro residencial e empresarial. Empresas não contratam coberturas para esses eventos extremos”, observou.
No painel do fórum que tratou das mudanças climáticas, o vice-presidente executivo de finanças e relações com investidores da Vale, Gustavo Pimenta, avaliou que o Brasil tem uma oportunidade única de promover a transição verde, levando em conta a matriz energética, já em maior parte renovável, e o solo rico em minerais “fundamentais” para as tecnologias que vão permitir a substituição dos combustíveis fósseis.
Conforme o executivo, os metais de transição se tornaram o grande foco da Vale – entre eles, o níquel, um dos metais usados nas baterias de carros elétricos. “Somos grandes produtores de níquel, que é fundamental para a transição energética”, afirmou.
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