Anote esse nome: Bruna Alexandre. Catarinense de Criciúma, 29 anos, jogadora de tênis de mesa. Bruna vai representar o Brasil nas Olimpíadas de Paris-2024 e, mesmo que não ganhe uma medalha, já entra para a história do esporte como a primeira atleta do país a disputar as Olimpíadas e as Paralimpíadas, competição destinada a pessoas com deficiência, em um mesmo ano.
Bruna teve o braço direito amputado após sofrer uma trombose em decorrência de uma vacina mal aplicada quando tinha apenas dois meses de idade. Ainda na infância, aprendeu a jogar tênis de mesa, na época popularmente conhecido como pingue-pongue, por influência do irmão.
Logo Bruna passou a competir em torneios para mesatenistas sem deficiência. Até que, já na idade adulta, entrou nas competições paralímpicas. Entrou para a seleção brasileira e disputou as Paralimpíadas do Rio-2016 e Tóquio-2020, conquistando quatro medalhas, duas de prata e duas de bronze.
Classificada desde o ano passado para as Paralimpíadas de Paris-2024, Bruna recebeu no começo do mês uma notícia extraordinária: ela conseguiu vaga também na seleção brasileira olímpica de tênis de mesa.
“Nunca pensei que viveria e resistiria a tantos desafios que a vida me impôs desde os meus dois meses de vida, mas hoje posso celebrar, cantar e até mesmo chorar e dividir com todos que me amam e acompanham a minha trajetória que acabo de me tornar a primeira atleta da história do Brasil a ser convocada para jogar os Jogos Olímpicos e Paralímpicos em uma mesma Olimpíada!”, escreveu Bruna.
“Quando meus pais ainda choravam a perda do meu braço, ainda bebê, ouviram que um dia eu ainda os daria muito orgulho”.
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Antes de Bruna Alexandre, o único brasileiro a disputar Olimpíadas e Paralimpíadas foi o timoneiro Nilton da Silva Alonço, conhecido como Gauchinho. Ele disputou os Jogos Olímpicos de Montreal-1976, Los Angeles-1984 e Seul-1988. Depois, em Pequim-2008, compôs o barco quatro com timoneiro da delegação paralímpica brasileira.
Quais os critérios para poder participar?
Enquanto as Olimpíadas existem desde 1896, os Jogos Paralímpicos começaram a ser disputados apenas a partir de 1960, em Roma. De lá para cá, alguns atletas competiram nos dois eventos em situações especiais.
Para disputar as Paralimpíadas é preciso passar por critérios de elegibilidade, em que uma equipe multidisciplinar analisa a deficiência do atleta (física, visual ou intelectual) para definir em qual categoria paralímpica ele será colocado. Atletas que não são deficientes só podem participar em alguns pontos especiais, como atleta-guia no atletismo ou goleiro no futebol paralímpico, no qual os jogadores de linha têm deficiência visual.
Na história da competição, ao menos 11 atletas olímpicos de diversos países disputaram as Paralimpíadas no atletismo como guias para corredores com deficiência visual. Outros tiveram alguma deficiência adquirida após competirem em Olimpíadas, como perda parcial ou total da visão, e seguiram a carreira esportiva como atletas paralímpicos.
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Mas casos de atletas com deficiência que disputam as Olimpíadas são raros.
A belga Sonia Vettenburg, que é cadeirante e praticava tiro esportivo, disputou duas Paralimpíadas, em Los Angeles-1984 e Seul-1988, e foi disputar os Jogos Olímpicos de Barcelona em 1992.
O sul-africano Oscar Pistorius se tornou nas Olimpíadas de Londres-2012 o primeiro atleta biamputado a disputar os Jogos Olímpicos. Correndo com próteses de fibra de carbono nas pernas, Pistorious se classificou para as semifinais dos 400m rasos e para a final no revezamento 4x400m.
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