Primeiro foi a fala de Jerome Powell no Senado, que alimentou a ideia de que há espaço para o juro descer um degrau. E hoje veio o dado de inflação ao consumidor mais fraca do esperado. Os dois eventos restabeleceram a aposta em dois cortes de juros já em setembro. Isso, a despeito da proximidade da eleição nos Estados Unidos.
Os juros dos Treasuries, os títulos públicos americanos, já contemplam agora dois cortes ainda este ano. Boa notícia para bancos centrais no mundo, inclusive o brasileiro, que sentem no comportamento do Fed uma pressão contrária ao alívio monetário que tentam implementar.
O CPI, o índice de preços ao consumidor dos Estados Unidos, registrou variação negativa de 0,1% em junho. Com isso, nos últimos 12 meses, a inflação acumula recuou para 3%, a menor taxa em um ano. O núcleo da inflação anualizado ficou em 3,3%, o menor desde abril de 2021.
“As pré-condições para iniciar os cortes em setembro e anunciar uma sequência de cortes daqui para frente já estão reunidas”, disse Ed Al-Hussainy, estrategista de taxas da Columbia Threadneedle Investment. “Tudo está dando certo para o Fed neste momento.”
Os juros dos Treasuries mostraram uma queda de pelo menos sete pontos-base em todos os vencimentos. O título com vencimento de dois e de 10 anos, os mais negociados, tiveram uma queda em suas taxas ainda mais intensa, de dez pontos-base. Agora, o mercado passa a trabalhar com uma probabilidade de quase 90% de haver um corte de juros pelo Fed já em setembro. Antes, essa aposta estava em 70%. Para todo o ano de 2024, os contratos contemplam uma queda de 58 pontos no juro básico americano.
“Os dados tornam o corte de setembro um golpe certeiro agora”, disse Andrew Brenner, chefe de renda fixa internacional da NatAlliance Securities LLC. “Teremos três cortes este ano – setembro, novembro e dezembro – e o mercado está começando a precificar isso.”
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