Por Norihiko Shirouzu
Apesar de ser percebida como uma das montadoras mais lentas no desenvolvimento de veículos elétricos, a Toyota pode se tornar a primeira a abandonar carros movidos apenas a gasolina.
A montadora se prepara para converter a maior parte de sua linha Toyota e Lexus – e talvez toda ela – para modelos exclusivamente híbridos, disseram dois executivos da companhia à Reuters.
O foco persistente da Toyota em híbridos, em vez de veículos elétricos, é parte de um desafio mais amplo da maior montadora do mundo à ideia de que todos os carros serão elétricos em um futuro próximo.
O presidente da empresa, Akio Toyoda, disse em janeiro que acreditava que a participação global de veículos elétricos chegaria a apenas 30%.
A montadora japonesa, em vez disso, apregoa uma estratégia de “vários caminhos” que inclui veículos elétricos juntamente com híbridos, veículos de célula de combustível de hidrogênio, de combustíveis verdes e, potencialmente, alimentados por outras tecnologias que ainda vão surgir.
LEIA MAIS: Veículos elétricos e híbridos passam a representar metade da venda de carros na China
A estratégia híbrida da montadora visa solidificar sua posição já dominante em uma parte do mercado que encontrou uma nova vida à medida que a demanda por veículos elétricos diminui, em parte devido aos altos preços e às dificuldades de carregamento.
Os híbridos da Toyota não precisam ser carregados e alternam perfeitamente entre gasolina e energia elétrica, ou usam ambos ao mesmo tempo, dependendo das condições de direção. Seus híbridos plug-in podem ser carregados e normalmente viajam cerca de 64 km com energia de bateria, como um veículo elétrico, antes que seus motores a gasolina sejam necessários.
“No futuro, planejamos avaliar, linha de carro por linha, se faz sentido adotar um modelo totalmente híbrido”, disse David Christ, chefe de vendas e marketing da Toyota na América do Norte. Isso inclui a revisão pendente do RAV4 para o modelo 2026. SUV mais vendido dos EUA, o RAV4 já tem variantes híbridas que respondem por cerca de metade das vendas.
Duas pessoas familiarizadas com as discussões disseram que é muito provável que a montadora abandone a versão somente a gasolina no mercado norte-americano, mas a decisão final ainda não foi tomada.
A Toyota já parou de oferecer uma versão somente a gasolina do seu Camry, o sedã mais vendido nos Estados Unidos, para o ano modelo 2025, enquanto seu robusto Land Cruiser e a minivan Sienna, por exemplo, agora também vêm apenas como híbridos.
LEIA MAIS: Uma nova onda de veículos elétricos está pronta para garantir maior autonomia
A estratégia híbrida também dará à Toyota vantagens únicas no cumprimento das restrições cada vez mais rigorosas de emissões de carbono dos EUA, disseram executivos da companhia e especialistas do setor.
À medida que os EUA reduzem os limites de poluição conforme as regulamentações anunciadas em março, as crescentes vendas de híbridos da Toyota podem ajudar a montadora a economizar bilhões de dólares em multas e custos regulatórios, ao mesmo tempo em que dão à montadora mais tempo para desenvolver veículos elétricos ou outros veículos de emissão zero.
Os novos padrões de emissões entram em vigor a partir do modelo ano 2027 e vão até 2032.
Christ disse que a Toyota não definiu um prazo para produzir uma linha totalmente híbrida e que certos modelos, como picapes e carros econômicos, podem levar mais tempo devido à sensibilidade do consumidor ao preço das versões básicas.
Além dos híbridos, a Toyota pretende converter cerca de 30% de sua frota global para veículos elétricos até 2030, concentrando-se em um pequeno número de versões totalmente elétricas dos modelos mais vendidos, de acordo com duas fontes familiarizadas com o planejamento de produtos da companhia.
LEIA MAIS: Porsche abandona meta de veículos elétricos
A Toyota já havia anunciado planos de investir US$ 35 bilhões em novas baterias e plataformas de veículos elétricos até lá.
Em maio, a montadora apresentou um pequeno protótipo de motor de combustão que, segundo ela, poderia um dia funcionar com biocombustíveis ou gasolina sintética de baixo carbono. Ele poderia ser combinado com sistemas de transmissão híbridos.
Mas o ponto principal de reduzir o tamanho do motor era permitir que a companhia desenvolvesse híbridos de uma maneira diferente. Em vez de começar com um carro a gasolina e adicionar uma bateria, ela planeja iniciar com sua nova plataforma de veículos elétricos e adicionar os pequenos motores para criar uma opção híbrida mais eficiente.
De acordo com uma das duas fontes, o primeiro híbrido baseado na nova plataforma e motor provavelmente será um Corolla plug-in, que deve chegar ao mercado da China em 2026 e dos Estados Unidos em 2027.
Veja também
- Quem é – e o que pensa – Scott Bessent, secretário do Tesouro anunciado por Trump
- CBA vende participação na Alunorte para a Glencore por R$ 236,8 milhões
- BRF compra fábrica e passa a ser a primeira empresa de proteínas a produzir na China
- Argentina anuncia licitação para privatizar hidrovia Paraguai-Paraná
- Petrobras confirma plano de investir mais de R$ 635 bilhões entre 2025 e 2029