Nos EUA, a remuneração média das CEOs mulheres é maior que a dos CEOs homens

Lisa Su, da empresa americana de semicondutores AMD, é a CEO mulher mais bem remunerada dos EUA: recebeu US$ 30,3 milhões em 2023. Mais do que seu primo Jensen Huang, CEO de outra fabricante de chips, a Nvidia. Ele embolsou US$ 21,4 milhões no ano passado.

Não se trata de uma situação isolada (fora a peculiaridade de dois dos CEOs mais importantes do mundo serem primos; aí é um caso único mesmo). Fato é que o salário médio das mulheres presidentes de empresa nos EUA é, na média, maior que o dos homens na mesma situação. 

O salário médio deles é de US$ 16,3 milhões por ano. O delas, US$ 17,6 milhões – 7,7% a mais. 

Esses dados são de um levantamento anual feita pela Equilar, uma agência americana de recrutamento, em parceria com a Associated Press. A ideia é pegar as empresas do S&P 500 como base – ou seja, as 500 maiores empresas americanas de capital aberto. 

Mas não entram todas, por conta de um critério deles (talvez discutível): só contabilizar CEOs que estejam há dois anos ou mais no cargo. Como essas cadeiras são um tanto quentes, só entraram 341 empresas neste ano. 

E isso nos leva a outro dado. Dessas 341 do S&P 500, só 25 têm CEOs mulheres. Segue a lista completa, com o que cada uma recebeu em 2023 (em dinheiro e em ações de suas companhias, que respondem pela maior parte da remuneração anual): 

Nota: o cálculo da Equilar não traz a média. Traz a mediana; que é o ponto no meio da lista. No caso, a compensação de Vicki Hollub, da Occidental Petroleum – 13ª dessa lista de 25. 

Essa mediana até é maior que a da lista masculina. Ok. Mas os salários mais altos entre os dos CEOs homens são muito maiores que o da líder do ranking femino, Lisa Su. Os US$ 30,3 milhões que ela tirou no ano passado não foram o bastante para colocar a CEO da AMD na top 10 geral dos EUA. Este aqui:    

Ibovespa: só 4 mulheres CEOs   

Se a quantidade de CEOs lá fora é baixa, pior ainda por aqui. Entre as 83 companhias do Ibovespa, só 5% têm mulheres no cargo máximo. São quatro executivas: 

• Magda Chambriard, da Petrobras
• Tarciana Medeiros, do Banco do Brasil
• Cristina Betts, do Iguatemi
• Jeane Tsutsui, do Fleury

Como se trata de uma amostragem pequena, não faz sentido uma comparação nos moldes com a que a Equilar fez nos EUA. Outro fator de distorção é que Petrobras e Banco do Brasil pagam pouco a quem ocupa a presidência, ao menos em comparação com a iniciativa privada. 

Os CEOs das companhias que fazem parte do Ibovespa tiram em média R$ 15,3 milhões, de acordo com um levantamento da Vila Nova Partners, outra empresa de recrutamento.

Na Petro e no BB não dá para chegar nem perto disso. Contando salário, participação nos lucros, auxílio moradia e outros extras, a remuneração anual da CEO da Petrobras fica em R$ 3,6 milhões. Da executiva-chefe do Banco do Brasil, R$ 3,3 milhões. É o mesmo patamar de seus antecessores homens. E incompatível com os contracheques da concorrência direta.

Roberto Monteiro, CEO da Prio, ganhou R$ 40,6 milhões em 2023. A junior oil pagou a 5º maior remuneração nesse quesito entre as maiores companhias de capital aberto. E o 1º lugar vem do maior concorrente privado do BB, o Itaú. O CEO ali, Milton Maluhy Filho, tirou R$ 67,7 milhões no ano passado.