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Economia

China pretende captar US$ 850 bilhões em novas dívidas para estimular o crescimento

A notícia vem da agência chinesa Caixin Global

Um trabalhador usa uma máquina para contar notas de 100 yuans chineses em Hong Kong, China.
Um trabalhador usa uma máquina para contar notas de 100 yuans chineses em Hong Kong, China. Foto: Paul Yeung/Bloomberg

A China pode levantar mais 6 trilhões de iuanes (US$ 850 bilhões) com títulos especiais do Tesouro ao longo de três anos para estimular uma economia em baixa, informou a mídia local. Apesar de expressivo, o número não conseguiu reanimar o sentimento no mercado de ações do país.

A matéria do Caixin Global, que citou fontes com conhecimento do assunto, foi publicada depois que o ministro das Finanças, Lan Foan, disse no sábado que Pequim “aumentará significativamente” a dívida, embora a ausência de detalhes sobre o tamanho e o cronograma das medidas fiscais tenha decepcionado alguns investidores.

O tamanho do pacote fiscal esperado tem sido objeto de intensa especulação nos mercados financeiros. Neste mês, as ações chinesas atingiram o maior nível em dois anos com as notícias sobre o estímulo, antes de recuarem na ausência de detalhes oficiais.

“Isso está de acordo com nossas expectativas”, disse Xing Zhaopeng, estrategista sênior do ANZ para a China. “Para o próximo ano, ainda achamos que uma meta de crescimento de cerca de 5% provavelmente será mantida. Portanto, para uma taxa de crescimento de 5%, isso deve ser suficiente.”

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A Reuters informou no mês passado que a China planejava emitir títulos soberanos especiais no valor de cerca de 2 trilhões de iuanes (US$ 285 bilhões) este ano como parte de um novo estímulo fiscal.

Os dados dos últimos meses, inclusive os números da balança comercial e dos novos empréstimos de setembro, divulgados na segunda-feira, ficaram abaixo das expectativas, aumentando a preocupação de que a China talvez não atinja a meta de crescimento de cerca de 5% para este ano e tenha dificuldades para se defender das pressões deflacionárias.

A expectativa é de que o crescimento econômico desacelere para 4,5% no terceiro trimestre, em comparação com 4,7% no segundo, e depois tenha uma recuperação tardia devido ao estímulo, atingindo 4,8% no ano inteiro, segundo uma pesquisa da Reuters nesta terça-feira

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No final de setembro, as autoridades lançaram medidas de estímulo monetário e de apoio ao setor imobiliário. Pouco depois, uma reunião dos principais líderes do Partido Comunista, o Politburo, prometeu os “gastos necessários” para levar o crescimento de volta aos trilhos.

“A probabilidade de se atingir uma taxa de crescimento de cerca de 5% pelo menos em 2024 e 2025 aumentaria muito”, disse Bruce Pang, economista-chefe da Jones Lang LaSalle para a China, sobre o impacto da cifra de 6 trilhões de iuanes divulgada.

A matéria do Caixin publicada na segunda-feira disse que os fundos serão parcialmente usados para ajudar os governos locais a resolver suas dívidas não contabilizadas, de acordo com as fontes. O valor informado é equivalente a quase 5% da produção econômica da China.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima a dívida do governo central em 24% da produção econômica. Mas o Fundo calcula a dívida pública geral, incluindo a dos governos locais, em cerca de US$ 16 trilhões, ou 116% do PIB.

“A menos que o governo central aumente voluntariamente a alavancagem, o investimento continuará fraco, já que os governos locais estão sobrecarregados com dívidas pesadas e os balanços corporativos estão sendo corroídos por uma economia fraca”, disse Xia Haojie, analista de títulos da Guosen Futures.

Por Kevin Yao e Liangping Gao

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