A Usiminas deve aumentar preços de aço em 2025 diante da pressão da desvalorização do real ante o dólar sobre suas contas, afirmou nesta quinta-feira o vice-presidente financeiro, Thiago Rodrigues, em apresentação a investidores.
“Temos 30% de desvalorização do real desde janeiro…Isso significa maiores custos e necessidade de repasse de preços para o aço”, afirmou o executivo. “Nossa expectativa é de preços mais elevados de aço a partir de 2025, refletindo a necessidade de recomposição pela desvalorização do câmbio.”
O executivo não deu detalhes sobre as negociações em curso com o setor automotivo, responsável por 34% das vendas da empresa, mas afirmou que o cenário macroeconômico já indica o objetivo da companhia.
“Nesse cenário de desvalorização importante do real que impacta custo de produção, não vemos ambiente para se cogitar redução de preços, pelo contrário, há necessidade de repasse”, afirmou o Rodrigues.
Mais cedo, o presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Loureiro, afirmou que as siderúrgicas do país estão programando um reajuste médio de 7% a 7,5% em janeiro nos preços de todos os produtos de aço plano.
Rodrigues afirmou que o tempo que leva para o impacto do câmbio ser sentido de forma relevante nos resultados da companhia é de dois a três meses. Um dos principais insumos da empresa, a compra de placas de terceiros para laminação, porém, tem sofrido queda de preços desde o início do ano, o que pode ajudar a minimizar um pouco o efeito da desvalorização do real.
Segundo a Usiminas, atualmente 30% das necessidades de placas da empresa são supridas com compras de terceiros.
Apesar de não dar estimativas sobre a tendência de custos da empresa para os próximos meses, Rodrigues disse que considerando apenas o que a empresa tem controle, a tendência é de redução, diante dos investimentos na reforma do alto forno 3 da usina de Ipatinga (MG) e dos próximos que incluem melhorias em baterias de coque da empresa, que devem reduzir consumo de matéria-prima.
O executivo afirmou que “ainda tem caminho relevante para seguirmos em redução de custo ante onde estamos hoje…Ainda tem uns 40% de tudo o que pretendemos capturar, principalmente durante o ano de 2025”.
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Apesar da crise disparada pela desconfiança do mercado financeiro ante as promessas de controle fiscal do governo federal, Rodrigues disse que a Usiminas ainda enxerga para o início do próximo ano uma demanda por aço no Brasil “relativamente forte”.
“No momento não é possível perceber efeito mais importante da alta da taxa de juros”, disse Rodrigues. “Visão no momento ainda é de um 2025 positivo”, acrescentou.
Mas a tendência pode desacelerar a partir do segundo semestre, admitiu, diante do crescimento dos juros e do efeito inflacionário a ser gerado pela desvalorização do câmbio.
Na segunda-feira, o Aço Brasil, que representa as siderúrgicas instaladas no país, incluindo a Usiminas, previu que o consumo aparente da liga no próximo ano vai crescer 1,5%.
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O vice-presidente financeiro da Usiminas comentou ainda que a companhia, maior produtora de aços planos do Brasil, espera que o governo federal adote medidas antidumping contra importações de aço entre o primeiro e segundo trimestres do próximo ano, o que deve ajudar a frear as importações. De janeiro a novembro, as importações de aço pelo Brasil dispararam 24,4% sobre um forte volume registrado em 2023, para 5,6 milhões de toneladas.
Rodrigues afirmou que a Usiminas ainda não concluiu o orçamento para o próximo ano, mas que a empresa deve ficar próxima da previsão de investimento de R$ 1,7 bilhão. “Talvez ficaremos um pouco abaixo disso”, afirmou. Para 2024, a companhia estima desembolsar R$ 1,1 bilhão.
Para 2025 a empresa prevê a operação de uma nova instalação de PCI (injeção de carvão pulverizado) para o alto forno 3, que deve ajudar a reduzir custos e emissões de carbono. A empresa também terá em operação 30 megawatts médios de energia fotovoltaica em regime de autoprodução e seguir com os trabalhos de reforma de conqueria de Ipatinga, previstos para serem concluídos em 2026.
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