O governo americano está discutindo uma linha de crédito de US$ 20 bilhões com a Argentina, e está pronto para comprar os títulos da dívida em dólares do país. Foi o que disse Scott Bessent, secretário do Tesouro dos EUA (o equivalente a Ministro da Fazenda). A ideia é oferecer ao presidente Javier Milei “uma ponte” até as eleições legislativas de meio de mandato no próximo mês.

A medida mostra a disposição do presidente Donald Trump em ajudar seu aliado libertário a conter uma corrida contra o peso. Os dois líderes e suas equipes se reuniram na terça-feira, à margem da Assembleia Geral da ONU em Nova York, e Milei agradeceu imediatamente ao seu colega americano pelo “apoio firme” na quarta-feira.

“O Tesouro está atualmente em negociações com autoridades argentinas para uma linha de swap de US$ 20 bilhões com o Banco Central”, disse Bessent em uma postagem no X. “Estamos trabalhando em estreita coordenação com o governo argentino para evitar volatilidade excessiva.”

Uma linha de swap é como um “empréstimo de emergência” entre dois bancos centrais para que um país tenha acesso rápido a dólares quando precisar.

Em termos simples:

O encontro de Trump com Milei

No primeiro encontro de Trump com Milei, em Nova York, o presidente americano ofereceu amplo apoio ao líder da Argentina.

“Ele fez um trabalho fantástico”, disse Trump na terça-feira (23), sentado ao lado de Milei, nos bastidores da Assembleia Geral das Nações Unidas. “Vamos ajudá-los. Não acho que precisem de um resgate financeiro.”

Num primeiro passo tímido, o Banco Mundial — do qual os EUA são o maior acionista — acelerou o apoio ao governo de Milei, e prometeu liberar US$ 4 bilhões de um pacote de ajuda pré-existente de US$ 12 bilhões nos próximos meses.

O Banco Interamericano de Desenvolvimento anunciou mais tarde que está “pronto para aumentar significativamente” os desembolsos ao país nos próximos 15 meses, mas não especificou nova assistência em resposta à última crise.

Durante a reunião, Trump também endossou Milei para um segundo mandato na Argentina, com a próxima eleição presidencial marcada para 2027. Trump estava com o secretário do Tesouro americano Scott Bessent e pelo secretário de Estado, Marco Rubio, enquanto o líder argentino tinha ao seu lado o ministro da Economia, Luis Caputo, o ministro das Relações Exteriores, Gerardo Werthein, e sua irmã, Karina Milei.

Na segunda-feira (22), Bessent já tinha dito que todas as opções estavam sobre a mesa para o apoio dos EUA, enquanto o governo de Milei trabalha para evitar que a Argentina volte à crise.

Os ativos argentinos se valorizaram em antecipação à reunião de Trump com Milei e às expectativas de uma tábua de salvação financeira, embora a falta de detalhes após a reunião tenha deixado os investidores cautelosos.

Os títulos de dívida em dólar da Argentina reduziram os ganhos anteriores, mas ainda tiveram o melhor desempenho nos mercados emergentes.

O peso subiu 4,2% antes de reduzir o avanço no fechamento, encerrando a sessão com alta de 2,8%, a 1.369 pesos por dólar.

O simples fato do apoio dos EUA, por muito vago que seja, oferece “paz de espírito aos investidores de que pelo menos o caminho é o certo”, disse Joaquin Bagues, diretor-gerente da corretora Grit Capital Group, com sede em Buenos Aires. “Isso deve reduzir a volatilidade e abrir caminho para o foco” na campanha para a votação nacional de meio de mandato em 26 de outubro, que renovará cerca de metade do Congresso e será um teste crucial de apoio político à agenda econômica de Milei.

Até a promessa de apoio, Milei estava sob pressão após perder uma eleição provincial por uma margem expressiva no início deste mês. À medida que os investidores começaram a retirar dinheiro dos ativos argentinos, o banco central gastou mais de US$ 1 bilhão de suas preciosas reservas para impulsionar o peso em meio a uma grande derrocada.

Caputo disse que discutiu um valor específico com Bessent, mas não divulgou o número.

O ministro da Economia aproveitou o momento para rebater os críticos de Milei, e afirmou que a promessa de apoio dos EUA é prova de que suas viagens à Flórida e a Washington para cortejar Trump estão rendendo frutos. “Às vezes, o criticavam por isso e, bem, aqui está o resultado”, disse Caputo. “Então, eu diria que as viagens do presidente valeram a pena.”

Por Daniel Flatley, Patrick Gillespie e Redação InvestNews