As stablecoins são criptomoedas atreladas a outros ativos. Pode ser o dólar, o ouro, o real etc. Mas as que importam, as que têm público de fato, são as que seguem o valor da moeda americana, principalmente as duas maiores: USDT e USDC.
Guardadas em carteiras cripto, podem ser usadas em locais que aceitam ativos digitais. No Brasil, isso praticamente não existe, mas nos Estados Unidos, estabelecimentos como Gucci e AMC Theatres (a rede de cinemas) liberam o pagamento em criptos estáveis.
Ou seja, muita gente começou a deixar as maquininhas tradicionais de lado, reduzindo as taxas que iam para as bandeiras.
Ao perceberem esse cenário, em vez de gritarem aos quatro ventos que estavam perdendo espaço e sugerirem regras contra as criptomoedas, Mastercard e Visa decidiram se juntar ao setor de moedas digitais. E dessa união nasceram os cartões de criptomoedas de débito e crédito cripto.
Como esses cartões funcionam?
Hoje, há quase uma dezena de cartões de criptomoedas disponíveis em terras brasileiras. No geral, você carrega com criptomoedas e gasta em reais, em qualquer lugar que aceite pagamento por maquininha.
Vamos dar exemplos aqui de dois cartões de criptomoedas, explicando como funcionam, como pedir, quais as taxas etc. Não são recomendações, claro – é tudo para fins didáticos mesmo.
Binance Card – Crédito/Mastercard
Um dos últimos lançamentos, agora no início de outubro, foi o Binance Card, criado pela exchange Binance em parceria com a Mastercard. Ele é um cartão “híbrido”. Apesar de ter a bandeira crédito, não funciona como um cartão de crédito tradicional, e sim como um cartão pré-pago recarregável com criptomoedas.
Para usar, é preciso ter uma conta na corretora e solicitar o cartão pelo site ou aplicativo da Binance. O usuário deve manter criptomoedas – como bitcoin (BTC), ethereum (ETH), binance coin (BNB) ou stablecoins – em uma área específica da conta, chamada “Funding Account”. É desse saldo que o cartão “puxa” o valor das compras.
Também é possível permitir o uso das criptos que ficam na conta usada para trading, chamada “Spot Account”. Dentro da plataforma, você escolhe quais criptomoedas serão usadas primeiro nas transações. Exemplo: primeiro USDT, depois bitcoin, e em terceiro ethereum. É possível definir entre três e 12 moedas digitais.
A cada uso, ocorre uma conversão automática de cripto para real, com taxa de 0,9%. Essa cobrança é feita em todas as compras, e não no fechamento de uma fatura. Em cartões convencionais, vale lembrar, não existem taxas para o usuário (só para o comércio).
O cartão também tem limite mensal de gastos que varia conforme o nível de verificação de identidade do usuário (KYC), indo de R$ 50 mil a R$ 150 mil no mês. Ou seja, mesmo que o cliente tenha R$ 1 milhão em criptomoedas na conta, ele só poderá gastar até o teto definido pela Binance, o que é uma limitação em relação a um cartão de débito comum, que permite usar todo o saldo disponível.
Também é possível fazer saques em caixas eletrônicos. Os dois primeiros saques do mês são gratuitos; depois, cobram uma tarifa de US$ 1,50 por operação. Os cartões de débito comum não costumam cobrar saques.
Ripio Card- Débito/Visa
O Ripio Card é um cartão pré-pago de criptomoedas da plataforma Ripio, com bandeira Visa. Ele funciona de forma muito semelhante ao da Binance: você precisa ter criptomoedas em sua conta na corretora, que são convertidas automaticamente para reais no momento da compra.
A diferença é que o Ripio Card atua formalmente na modalidade débito (ou seja, na hora de passar na maquininha, você diz para o vendedor que o pagamento é no débito). Dá para usar cerca de 30 moedas digitais, incluindo, claro, bitcoin, ethereum e stablecoins.
Na hora da compra, a plataforma faz a conversão automática para reais com uma taxa de 0,5% por operação. Apesar de ser um cartão de débito, ele também tem limite: R$ 40 mil por dia.
Também há opção de saque em caixas 24 horas, com tarifa de R$ 6,90 por operação.
Vantagens
Talvez a principal vantagem desses cartões de criptomoedas seja em viagens internacionais – e a gente já falou sobre isso aqui. Eles não cobram imposto sobre operações financeiras (IOF). Outros cartões que cortam a tarifa são os oferecidos por OKX, Bitget Wallet e Crypto.com.
Alguns deles também eliminam ou têm um spread cambial menor – aquela margem que as instituições financeiras adicionam sobre a cotação do dólar. Em contrapartida, nos cartões tradicionais incidem IOF de 3,5%, somado a um spread que costuma variar entre 4% e 7%.
A taxa de conversão, entre 0,5% e 0,9% fica abaixo desses valores, portanto.
O ideal, de qualquer forma, é sempre usar stablecoins para “recarregar” os cartões. Se você converter diretamente a partir de bitcoins e outras criptos tradicionais, estará à mercê da volatilidade, já que o preço delas muda rápido: o bitcoin, por exemplo, chegou a US$ 126 mil em meados de outubro e hoje está na casa dos US$ 103 mil. Ou seja: o valor em reais pode variar brutalmente entre o momento em que você carrega o cartão e o momento da compra.
Veja tabela com alguns cartões cripto:
| Cartão | Tipo | Bandeira |
| Crypto.com Card | Pré-pago (modo crédito) | Visa |
| Binance Card | Pré-pago (modo crédito) | Mastercard |
| KAST Card | Pré-pago (débito e crédito) | Visa |
| OKX | Pré-pago (débito) | Mastercard |
| Ripio Card | Pré-pago (débito) | Visa |
| Bitget Wallet | Pré-pago (crédito) | Mastercard |