O projeto, batizado de CSN Infraestrutura, é o movimento mais concreto até agora dentro do plano de desalavancagem da companhia, cuja dívida líquida somava cerca de R$ 37,5 bilhões no fim do terceiro trimestre, equivalente a 3,1 vezes o Ebitda.
Segundo o CFO Antonio Marco Rabello, a nova empresa reunirá sete ativos e servirá como veículo de monetização parcial. “A operação está muito avançada e deve trazer alguns bilhões de reais em liquidez para o grupo”, afirmou durante a teleconferência de resultados.
O executivo explicou que o anúncio das próximas semanas tratará da estruturação do spin-off, e não ainda da entrada de um investidor. A capitalização efetiva — via venda minoritária, joint venture ou IPO — deve ocorrer ao longo de 2026, após a companhia consolidar seus resultados e valuation de forma independente.
“Temos uma prioridade acima de todas: reduzir a dívida e fortalecer o balanço. A empresa precisa ser leve para poder crescer de novo”, disse Benjamin Steinbruch, CEO e controlador da CSN. O pacote de infraestrutura inclui a participação de 37,5% na MRS Logística, os terminais portuários de Sepetiba e Itaguaí, a Tora Logística e instalações rodoviárias e ferroviárias integradas à CSN Mineração.
O projeto é visto internamente como um “atalho não-dilutivo” para reduzir a alavancagem: a empresa espera atingir 3 vezes o Ebitda ainda neste ano, apenas com geração operacional. A CSN Infraestrutura, por sua vez, poderá levar esse patamar abaixo de 2,5 vezes em 2026, sem necessidade de vender negócios-núcleo como mineração ou cimento.
Em paralelo, o grupo também avança em negociações no setor de energia, buscando um parceiro estratégico para os ativos elétricos da antiga CEEE-G. A ideia, novamente, é vender uma fatia sem perder o controle.
Números do trimestre
A CSN registrou receita líquida de R$ 11,8 bilhões no terceiro trimestre de 2025, alta de 6,6% em relação ao mesmo período do ano passado. O Ebitda ajustado somou R$ 3,3 bilhões, avanço de 8,8%, impulsionado pelo desempenho recorde das divisões de mineração, cimentos e logística.
O lucro líquido foi de R$ 76 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 130 milhões do trimestre anterior, ainda sob impacto de despesas financeiras mais altas e da variação cambial. A margem Ebitda ficou em 26,8%, a maior do ano, refletindo a melhora operacional e os ganhos de eficiência.
No encerramento, Benjamin Steinbruch adotou um tom de confiança, afirmando que o grupo vive “um momento de maturidade” e que o foco é reduzir dívida e manter a eficiência operacional. “Não esperamos nada de ninguém – vamos continuar entregando o que depende de nós. Os números estão aí para provar.”