Os economistas do mercado financeiro reduziram suas projeções para a Selic (a taxa básica da economia) no fim de 2020. O Relatório de Mercado Focus trouxe nesta segunda-feira (4) que a mediana das previsões para a Selic neste ano passou de 3,00% para 2,75% ao ano. Há um mês, estava em 3,25%.
Já a projeção para a Selic no fim de 2021 foi de 4,25% para 3,75% ao ano, ante 4,75% de quatro semanas atrás. No caso de 2022, a projeção foi de 5,88% para 5,50%, ante 6,00% de um mês antes. Para 2022, permaneceu em 6,00%, igual a quatro semanas atrás.
Em março, ao cortar a Selic de 4,25% para 3,75% ao ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central informou que, neste momento, vê como adequada a manutenção da taxa de juros em seu novo patamar.
“No entanto, o Comitê reconhece que se elevou a variância do seu balanço de riscos e novas informações sobre a conjuntura econômica serão essenciais para definir seus próximos passos”, ponderou o colegiado.
No grupo dos analistas que mais acertam as projeções (Top 5) de médio prazo no Focus, a mediana da taxa básica em 2020 seguiu em 2,50% ao ano, ante 3,00% ao ano. No caso de 2021, seguiu em 3,88% ao ano, ante 4,00% ao ano de quatro semanas atrás.
Queda do PIB passa para 3,76%
Os efeitos da pandemia do novo coronavírus sobre a economia brasileira e a crise política no governo de Jair Bolsonaro fizeram os economistas do mercado financeiro cortarem novamente suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2020. Conforme o Relatório de Mercado Focus, a expectativa para a economia este ano passou de retração de 3,34% para queda de 3,76%. Há quatro semanas, a estimativa era de baixa de 1,18%.
Para 2021, o mercado financeiro alterou a previsão do Produto Interno Bruto (PIB), de alta de 3,00% para 3,20%. Quatro semanas atrás, estava em 2,50%.
Em março, na esteira da pandemia, o BC atualizou, por meio do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), sua projeção para o PIB em 2020, de alta de 1,8% para variação zero. O próprio BC, no entanto, já reconheceu que o cenário está se alterando rapidamente e que, por isso, a projeção do RTI não reflete, necessariamente, a situação atual.
IPCA abaixo de 2% em 2020
Na esteira do avanço do novo coronavírus no Brasil, os economistas do mercado financeiro cortaram novamente a previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – o indicador oficial de preços – em 2020 e 2021. A mediana foi de alta de 2,20% para 1,97%. Há um mês, estava em 2,72%. A projeção para o índice em 2021 passou de 3,40% para 3,30%. Quatro semanas atrás, estava em 3,50%.
O relatório Focus trouxe ainda a projeção para o IPCA em 2022, que seguiu em 3,50%. No caso de 2023, a expectativa permaneceu em 3,50%. Há quatro semanas, essas projeções eram de 3,50% para ambos os casos.
A projeção dos economistas para a inflação já está bem abaixo do centro da meta de 2020, de 4,00%, sendo que a margem de tolerância é de 1,5 ponto porcentual (índice de 2,50% a 5,50%).
A expectativa de inflação no curto prazo tem sido bastante afetada pela perspectiva de que, com a pandemia do novo coronavírus, a atividade econômica seja fortemente prejudicada, com impactos negativos sobre a demanda por produtos e baixa da inflação.
No início de abril, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA subiu apenas 0,07% em março – o menor porcentual para o mês desde o início do real, em 1994. No ano, a taxa acumulada está em 0,53%.
Produção industrial
No Focus desta segunda, a projeção para a produção industrial de 2020 foi de baixa de 2,35% para recuo de 2,75%. Há um mês, estava em alta de 0,50%. No caso de 2021, a estimativa de crescimento da produção industrial passou de 2,90% para 3,00%, ante 2,70% de quatro semanas antes.
Câmbio
A mediana das expectativas para o câmbio no fim do ano foi de R$ 4,80 para R$ 5,00, ante R$ 4,50 de um mês atrás. Para 2021, a projeção para o câmbio foi de R$ 4,55 para R$ 4,75, ante R$ 4,40 de quatro pesquisas atrás.