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Cafeína

Com ações de crescimento penalizadas, velha economia se sobressai. Até quando?

Juros em alta, inflação e guerra na Ucrânia impulsionaram investimentos de valor (value investing). Entenda o atual cenário neste Cafeína.

Durante o isolamento social causada pela pandemia, as empresas de crescimento (que são aquelas geralmente ligadas ao setor de tecnologia – direta ou indiretamente) viram suas ações atingirem suas máximas históricas. Amazon, Alphabet, Apple, Meta (Facebook) e Netflix são um dos exemplos.

Agora, com um cenário pandêmico controlado, estes papeis inverteram de lugar com os da velha economia – o que entende-se por empresas de commodities, exportadoras e grandes bancos. Juros alto, inflação e até a guerra na Ucrânia impulsionaram para essa realidade.

Conhecida como ‘value stocks’, as ações de valor é que puxam o principal índice da bolsa brasileira. Vale (VALE3), Petrobras (PETR3, PETR4) e Bradesco (BBDC4) representam juntas ao menos 32% do índice composto por 92 ações. O que significa que o atual cenário acaba favorecendo de certa forma o mercado acionário brasileiro e penalizando o setor de tecnologia. Como a maior parte do valor de mercado dessas empresas está projetado para os próximos anos e o aumento da taxa de juros desacelera a economia, a tendência é que o crescimento dessas companhias também sejam menores. O que acaba sendo um alerta de cautela para os investidores.

No entanto, isso não significa o fim das ações ligadas a tecnologia. Segundo artigo divulgado recentemente pelo periódico Financial Analytcs Journal, cujo título é “Rumores da morte  do investimento em valor parecem exagerados”, os autores analisaram um grupo de ações denominado FANMAG – acrônimo para as companhias Facebook, Amazon, Netflix, Microsoft, Apple e Google.

Estas seis empresas representavam 20% de todo o valor de mercado das empresas de capital aberto dos Estados Unidos em meados de 2020, além de responder por 32% da carteira de growth stocks de alto valor de capitalização. Juntas, elas somavam um valor de mercado de US$ 6,15 trilhões também neste período, o que excede o valor de qualquer bolsa de valores de todos os países do mundo, com exceção dos Estados Unidos e da China.

Essas ações foram as principais responsáveis pelo desempenho das bolsas americanas nos últimos anos. Se fosse retirada a contribuição destas companhias do índice S&P 500 entre 2007 e 2020, o índice teria um retorno acumulado 30% menor do que o apresentado nesse período. Os autores do estudo também mostraram que, neste período de treze anos, a estratégia das ações de valor proporcionou um retorno acumulado 55% inferior às ações de crescimento, sendo este o pior desempenho relativo desde 1963.

Para Luiz Fernando Araújo, CFA  na Finacap Investimentos, o mercado está vivendo uma espécie de déjà vu, já que nos anos 2000, no auge da bolha.com, o lema à época era ‘value investing is dead’ (em tradução livre, o investimento de valor está morto.) No entanto, a performance nas últimas seis décadas da Berkshire Hathaway, holding de Warren Buffett, cuja filosofia de investimento é reconhecida pelo value investing, foi um retorno anual composto de 20% ao ano, o que é dez pontos percentuais acima do S&P 500. E mesmo se a ação da companha caísse 99%, ela ainda assim bateria o S&P 500, segundo cálculo da Barron’s. Mas hoje, o oráculo de Omaha tem pelo menos 52% da carteira de sua holding focado em ações de tecnologia.

Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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