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Dividendos: o que são, quem recebe e como funcionam

Os dividendos são atrativos para investidores que pretendem construir uma renda passiva; entenda.

Ampulheta tendo ao fundo moedas

No mercado de ações, surfar na valorização dos papéis das empresas não é o único jeito de ganhar dinheiro: outra forma comum de multiplicar o patrimônio é investir em ações que pagam dividendos. A estratégia, inclusive, é queridinha de grandes acionistas da bolsa, como Luis Barsi Filho, maior investidor pessoa física do Brasil, conhecido também como o “Rei dos Dividendos”.

A seguir, entenda o que são dividendos, como funcionam e como é possível ganhar dinheiro com eles.

O que são dividendos?

Quando o investidor compra ações de uma empresa – mesmo em quantidades muito pequenas – ele se torna um sócio daquele negócio. Por isso, ele passa a ter o direito de entrar na repartição dos lucros de um certo período. Os dividendos são o pagamento de parcela do lucro líquido da empresa aos acionistas.

A estratégia é normalmente utilizada para trazer mais acionistas para os papéis de uma empresa, já que os dividendos são atrativos para investidores que pretendem construir uma renda passiva.

Os dividendos são isentos de tributação do Imposto de Renda (IR),e a periodicidade de sua distribuição depende da estratégia e resultados financeiros de cada companhia – já que, para que haja repartição de lucros, é preciso, primeiro, que a empresa tenha um resultado positivo.

Quem recebe dividendos

A distribuição dos dividendos é feita aos investidores que possuem ações da empresa até a data limite, chamada de Data-Ex. A partir dela, comprar uma ação não dará direito ao recebimento dos dividendos na próxima data de pagamento.

Dividendos x proventos

Os dividendos são um tipo de provento, palavra utilizada para qualquer tipo de benefício dado por uma companhia aos seus acionistas. Além dos dividendos, a bolsa brasileira possui mais 3 tipos de proventos:

Direitos de subscrição

Direitos de subscrição ocorrem quando a empresa decide colocar mais ações à venda na bolsa. Nessas ocasiões, os acionistas atuais possuem preferência na compra das novas ações, já que, dessa forma, eles podem manter o mesmo nível de participação na companhia. Além disso, a empresa pode oferecer preços menores por ação em relação ao que será futuramente negociado no mercado.

Juros sobre capital próprio (JCP)

O JCP é um tipo de provento que só existe no Brasil, e é muito semelhante à distribuição dos dividendos. A diferença é que, ao contrário dos dividendos, o JCP está sujeito a tributação do IR na conta do acionista. Nesse caso, as empresas têm a vantagem de não arcam com o imposto.

Bonificação

A bonificação é a distribuição gratuita por parte da empresa de novas ações aos acionistas, que ocorre, normalmente, quando a empresa tem um aumento significativo de capital.

Quais ações pagam dividendos?

As empresas listadas na bolsa podem passar a pagar dividendos ou interromper a distribuição do pagamento em determinados períodos, conforme decisão de cada companhia e com base nos resultados financeiros obtidos.

No primeiro bimestre de 2023, por exemplo, estas foram as ações que distribuíram dividendos com a melhor relação entre o retorno por ação e o preço (dividend yield), segundo levantamento do TradeMap:

EmpresaTickerDividend yield (2023 até 28/fev, em %)
Log Com PropLOGG35.69
BB SeguridadeBBSE35.55
Energias BRENBR35.53
SaneparSAPR45.49
SaneparSAPR115.45
BradescoBBDC34.19
BradescoBBDC44.10
TaesaTAEE113.85
TaesaTAEE43.82
Metal LeveLEVE32.79
Telefônica BrasilVIVT32.76
Banco do BrasilBBAS32.37
Abc BrasilABCB41.92
JHSF PartJHSF31.91
NeoenergiaNEOE31.64
Cury S/ACURY31.63
Santander BRSANB111.62
Klabin S/AKLBN111.57
Klabin S/AKLBN41.56
3tentosTTEN31.24
ModalmaisMODL30.99
RomiROMI30.93
CamilCAML30.86
TupyTUPY30.84
UltraparUGPA30.79
B3B3SA30.77
TotvsTOTS30.77
BTG PactualBPAC110.62
WegWEGE30.59
Itaú UnibancoITUB30.16
Itaú UnibancoITUB40.14
Fonte: TradeMap

Nos últimos anos, a Petrobras (PETR3PETR4) foi uma das maiores pagadoras de dividendos da bolsa em valores correntes, seguida de empresas como Vale (VALE3), Banco do Brasil (BBSA3) e Ambev (ABEV3).

Como calcular dividendos

Para fazer o cálculo de quanto o investidor deve receber em dividendos, a fórmula é a seguinte: multiplicar o dividendo pago como ação (DPA ou DPS) pela quantidade de ações que ele possui.

As empresas informam em seus sites de relação com investidores (RI) quando aprovam o pagamento de proventos e o valor a ser pago por ação, geralmente no final de cada exercício. Por isso, é importante o acionista ficar atento a estes comunicados para poder fazer o cálculo e saber quanto vai receber em sua conta.

Por exemplo: O investidor possui 1.000 ações preferenciais da Petrobras (PETR4) e a companhia anunciou, hipoteticamente, que vai pagar R$ 2,75 por ação. Pela fórmula, calcula-se:

Dividendos = 2,75 x 1.000 = R$ 2.750

Ou seja, o investidor que possui 1.000 ações de Petrobras vai receber R$ 2.750 em dividendos referente ao pagamento deste período.

Tipos de dividendos

Dividendos em ações

São pagos como uma bonificação ao investidor que comprou as ações de uma determinada companhia. A empresa converte seu lucro em ações, de acordo com a quantidade de papéis que o acionista possui.

Dividendos em dinheiro

Neste caso, a empresa paga o valor devido em dinheiro diretamente na conta do investidor.

JCP

Juros sobre Capital Própria (JCP) é um tipo de provento que só existe no Brasil, e é muito semelhante à distribuição dos dividendos. A diferença é que, enquanto o acionista que recebe dividendos fica isento do pagamento do Imposto de Renda, no caso do JCP, ele está sujeito a tributação de 15% diretamente na fonte. Nesse caso, porém, são as empresas que têm a vantagem de não arcarem com o imposto.

Como investir em dividendos

Não se investe diretamente em dividendos, mas em ações de empresas que costumam pagar dividendos aos acionistas. Para isso, é preciso abrir uma conta em uma instituição financeira (banco ou corretora), preencher seu cadastro de investidor e, quando estiver tudo certo, executar uma ordem de compra de determinada ação. É preciso ficar atento às datas em que o investidor é elegível a receber os pagamentos. Elas são informadas por meio de comunicados ao mercado pelas próprias empresas.

  • Descubra a história de Luiz Barsi, o “Rei dos Dividendos”

Por que as empresas pagam dividendos?

A repartição de lucros de empresas de capital aberto é prevista pela Lei das S/As de 1976 (Lei nº 6.404). De acordo com o texto, caso uma empresa listada nas bolsas de valores tenha registrado lucro líquido, ela deve distribuir uma porcentagem dele entre os investidores.

A legislação não define quanto do lucro deve ser repartido: essa decisão fica a cargo do estatuto social da companhia. No Brasil, as empresas costumam praticar algo em torno de 20% a 30% do seu lucro líquido, já que, dessa forma, os papéis se tornam atrativos para investidores em busca de renda passiva.

Apesar da Lei das S/As prever a distribuição dos lucros, a prática não é obrigatória, desde que a empresa informe os acionista, em assembleia geral, sobre o não pagamento. Ficam isentas de distribuir dividendos as empresas que não obtiveram lucro ou que possuem uma situação financeira incompatível com a distribuição.

Por isso, a distribuição de dividendos é mais frequente entre empresas grandes e bem consolidadas no setor de atuação, já que elas podem abrir mão de parte de seu lucro sem pesar no caixa. Em empresas menores, é comum que quase a totalidade dos lucros seja reinvestido para manter ou acelerar o ritmo de crescimento.

Como é feito o pagamento dos dividendos?

Os dividendos são pagos proporcionalmente à participação dos acionistas na empresa. Ou seja, quanto maior a fatia de ações de um investidor, maior a parcela de dividendos a ser recebida.

O cálculo para a repartição dos dividendos é feito a partir do lucro líquido ajustado da empresa – ou seja, o lucro de um período menos valores destinados às reservas legais e eventuais imprevistos do ano seguinte. O valor exato a ser distribuído, assim como o dia do pagamento,  são informados na Data de Declaração.

No dia do pagamento, o dinheiro da repartição cai diretamente na conta do acionista na corretora por onde ele comprou as ações. Depois disso, o investidor pode reinvestir o valor (tanto nos papéis da própria companhia quanto em outras) ou transferir a quantia para sua conta bancária.

Dividend yield: o que é

Uma métrica muito utilizada pelo mercado financeiro para analisar o retorno das ações na forma de dividendos é o indicador Dividend Yield (DY). Esse indicador mostra a porcentagem de lucro distribuído pela companhia ao longo do ano em relação ao valor de cada ação, de acordo com a seguinte fórmula:

DY = (dividendos por ação ÷ valor unitário da ação) x 100

Em outras palavras, o DY mostra qual o percentual do preço de uma ação é distribuído em dividendos. No geral, um percentual maior representa melhor custo-benefício da ação. No entanto, é preciso ficar atento: essa métrica mostra apenas o comportamento da companhia no passado, e não dá nenhum indicativo para ganhos futuros.

Por isso, é importante considerar também a capacidade futura de geração de lucro da companhia.

Payout: o que é

Payout é um indicador que mede a porcentagem do lucro líquido de uma empresa que será paga aos acionistas na forma de dividendos ou JCP. As empresas são livres para escolher o percentual a ser distribuído do lucro, contanto que respeitem o mínimo estabelecido pelo estatuto. Se não houver essa informação, a lei obriga que a companhia pague pelo menos 25% do lucro líquido do exercício aos seus acionistas.

Yield on cost: o que é

Essa métrica indica a relação entre o dividendo recebido pelo acionista e o custo que ele teve para adquirir uma ação. Por exemplo, suponhamos que o investidor tenha recebido dividendos de R$ 2 por ação, sendo que ele comprou essas ações quando a cotação estava em R$ 10. Isso significa que o yield on cost (YOC), nesse caso, será de 20%.

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