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Cenário BlackRock

Surpresas dos Bancos Centrais

Fed e BCE entregaram o esperado nos últimos dias, mas Japão e Chile surpreenderam.

Os bancos centrais não costumam ser fonte de surpresas. Pelo contrário, tentam dar direção aos mercados por meio de comunicados que acompanham suas decisões ou publicações de projeções econômicas. Assim, quando fazem anúncios, os investidores normalmente já os esperam.

As últimas semanas foram marcadas por decisões dos principais bancos centrais. O Federal Reserve (Fed) e o Banco Central Europeu entregaram o esperado, com alta de 0,25 ponto percentual. No entanto, decisões inesperadas também foram observadas dos bancos centrais de dois países: Japão e Chile.

Sede do BC do Japão em Tóquio 21/09/2016. REUTERS/Toru Hanai

O Banco do Japão surpreendeu os mercados ao modificar sua política de controle da curva de juros. Com isso, ele deu um passo importante para reduzir o que era até agora uma política monetária focada em restringir o quanto a taxa do título público de 10 anos poderia subir. O banco central japonês aumentou inesperadamente o limite de 0,5% para 1%. Dessa forma, o Japão se junta à onda de países desenvolvidos com bancos centrais que têm aplicado políticas monetárias restritivas.

Embora a inflação no Japão tenha aumentado, não foi tanto quanto em outras economias. No entanto, seu banco central não tem certeza de que permanecerá nesses níveis mais altos. Na verdade, ainda está projetando inflação abaixo da meta daqui a alguns anos, então é provável que permita que os juros subam à medida que a inflação se consolide, mas apenas gradualmente. Ao suspender a restrição, as taxas dos títulos japoneses de 10 anos subiram para o nível mais alto em mais de nove anos. A maioria dos títulos globais também teve ganhos após a decisão, destacando porque o movimento no Japão é importante para os mercados.

Santiago, no Chile (Foto: Pixabay)
Santiago, no Chile (Foto: Pixabay)

O banco central do Chile também superou as expectativas do mercado, cortando sua taxa básica de juros em um ponto percentual, para 10,25%. É a primeira redução desde que começou a subir os juros, no fim de 2021. Embora a inflação esteja abaixo do pico de 14,1% alcançado em agosto de 2022, ainda está longe de atingir a meta de 3% do Banco Central. No entanto, a agressividade da redução parece estar baseada em expectativas de inflação para os próximos dois anos que permaneceram ancoradas, bem como sinais de deterioração da atividade econômica. O resultado imediato foi ver o dólar subir em relação ao peso, diante das expectativas de uma queda mais rápida do que o esperado no diferencial de juros entre Chile e EUA.

A decisão no Chile e do Brasil (que já anunciou o corte dos juros em 0,50 ponto percentual) marcam os primeiros passos que outros bancos centrais emergentes, começando pelos da América Latina, devem dar em breve. No México, por outro lado, as taxas só começariam a cair no final do ano, explicadas pela atividade que permanece mais forte do que o esperado e pela tradicional maior sincronia do ciclo de juros daquele país com o dos EUA, onde as taxas só devem começar a cair em março de 2024, na melhor das hipóteses.

No entanto, os bancos centrais continuarão a ser intervenientes importantes na direção dos mercados, particularmente em decisões que são surpreendentes.

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