As megatrends indicam mudanças estruturais, em escala global. Um conjunto de tendências capaz de transformar a maneira como governos, economias, mercados e pessoas se relacionam.
Os desafios e oportunidades impostos pelas atuais megatrends são proporcionais ao volume de transformações tecnológicas e comportamentais pelas quais o mundo está passando, portanto, inéditos e complexos.
O posicionamento antecipado frente às mudanças estruturais pode definir lideranças, evitar rupturas e estabilizar conflitos, além de uma estratégia vital para captura de oportunidades e para alocação de investimento. Confira as seis megatrends, que estão redesenhando o nosso futuro:
Processo de ‘desglobalização’
Desde a crise financeira de 2007/2008, o volume de comércio internacional vem perdendo força, sugerindo uma inflexão do movimento de globalização, conduzido por razões políticas, relacionadas ao agravamento das relações entre China e USA.
O novo modelo de crescimento desenhado por China e Estados Unidos, pretende elevar o nível de autossuficiência de suas economias. Denominado “Dual Circulation” na China, o novo plano de desenvolvimento pretende compor a política externa e a balança comercial chinesa dentro de suas fronteiras, a partir da expansão dos nichos econômicos domésticos.
Maior impacto recairá, evidentemente, sobre economias que já foram beneficiárias da globalização, como as economias emergentes voltadas para a exportação.
Mudança da ordem global
A Europa e os Estados Unidos, perderam parte da influência internacional nos últimos anos. Em contrapartida, a Rússia e a China continuam expandindo suas posições globais, como contrapesos econômicos e militares ao ocidente. Este reposicionamento enfraquece os valores democráticos, o sistema internacional estabelecido e suas instituições.
Luta pela supremacia tecnológica
O advento do 5G não é apenas 4G mais rápido, é um tipo de rede totalmente novo. Para desbloquear todo o potencial do 5G, que envolve a comunicação entre máquinas e o acúmulo de interações, o mercado precisará investir em um novo tipo de rede e uma mão de obra habilitada.
Do de vista estratégico, a virtualização traz novos riscos de segurança. O perigo de contaminação cruzada e vazamento de dados, podem criar insegurança política e no mercado, havendo pouco consenso global sobre como regular essas novas tecnologias ou, na verdade, se elas devem ser regulamentadas.
A propagação da economia ilícita
A expansão do comércio eletrônico, a sofisticação crescente da internet e o desenvolvimento de criptomoedas turvaram significativamente os limites entre o comércio lícito e ilícito, criando oportunidades desvios e interferências, que não existiam anteriormente.
Algumas estimativas sugerem que a economia ilícita agora responde por cerca de 8% a 15% do PIB global. Em outras palavras, as atividades ilícitas tornaram-se tão entrelaçadas com as lícitas, que se tornou difícil identificá-las ou mesmo separá-las.
Ativismo social
Pressões sociais e o ativismo coordenado exigirão muito mais dos negócios. As empresas que não atuarem sob um código de responsabilidade social, moral e política pagarão caro, seja por determinação da sociedade, seja por exigência do mercado.
Os programas ESG, sigla em inglês atribuída ao conjunto de orientações relacionadas a governança ambiental, social e corporativa, foi batizado de “novo sindicalismo” e deverá influenciar todos os desenvolvimentos das corporações.
Os ativos financeiros ESG devem atingir mais de US$ 50 trilhões até 2025, compondo cerca de um terço, do total de recursos globais sob gestão.
Mudanças climáticas
O risco geopolítico inerente à mudança climática não vem de mudanças reais no clima, elevação dos níveis do mar ou da escassez de recursos, mas sim, da incapacidade dos governos de prever e gerenciar as mudanças futuras, de forma a preservar ou criar segurança aos cidadãos.
A interrupção do fornecimento de água, alimentos, transporte e sistemas de energia deverá estimular o aumento das migrações, agitação política e conflito doméstico. Cerca de 17 países no mundo já estão enfrentando estresses hídricos radicais, de acordo com dados publicados pelo “World Resources Institute”.
Em suma, o mundo continuará subordinado a duas forças, que se diferenciam por seus regimes políticos, mas que ao contrário da “guerra fria”, não se limitam a um conflito ideológica e a disputa pela supremacia militar, mas submetem o crescimento mundial ao confronto o sistema econômico ia socialista de mercado e o capitalista liberal.
Enquanto questões geopolíticas determinam como certa a instabilidade econômica e de mercado, questões relacionadas a supremacia tecnológica, ao ativismo social e as mudanças climáticas oferecem um mar de oportunidades de negócios e individuais.
*Claudia Kodja, mentora da Liga dos Empreendedores da FGV, membro da Copenhagen Institute for Futures Studies e gestora executiva da Kodja Escola de Negócios. |
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