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Como funciona a tecnologia da bolsa de valores?

Saiba como é possível absorver o aumento de transações e manter a segurança, agilidade e organização aos investidores.

Se você acompanha o noticiário do mercado financeiro, provavelmente já sabe que nos últimos dois anos o número de pessoas que investem em bolsa deu um salto extraordinário. 

Somente em 2021, a quantidade de investidores no mercado de capitais brasileiro aumentou 1,5 milhão. Isso representa uma alta de 56% na comparação com o ano anterior. Em março, a B3 alcançou a marca de 5 milhões de investidores em produtos de renda variável.

Essa chegada de novos investidores à bolsa levanta questões importantes. Uma delas é esta: é possível absorver o aumento exponencial na quantidade de transações realizadas todos os dias e manter a segurança, a agilidade e a organização que a bolsa tem oferecido aos investidores? 

A resposta, felizmente, é sim. O elemento central por trás disso é uma plataforma de tecnologia robusta, capaz de automatizar praticamente todas as etapas que compõem o processo de compra e venda de um ativo financeiro. 

Aquela antiga imagem dos pregões viva-voz, com os operadores gritando com um telefone no ouvido em torno de uma roda para viabilizar transações, ficou completamente para trás. Hoje, qualquer pessoa pode negociar ações e outros ativos em segundos, por meio de um home broker das corretoras ou de um banco, no seu próprio computador e até no celular.

A simplicidade da qual os investidores desfrutam, no entanto, é só a parte visível de um processo altamente sofisticado e tecnológico. Para uma transação ser realizada, muita coisa tem que acontecer por trás das telas, antes e depois do envio da ordem de compra ou venda para a corretora.

É nesse momento que entra em cena a infraestrutura e a tecnologia. Na B3, todos os processos de negociação e pós-negociação são 100% automatizados, sem qualquer intervenção humana. Além disso, menos de 10% deles exige algum trabalho operacional. Assim, é possível executar milhares de tarefas complexas literalmemte no tempo de um piscar de olhos.

Quer saber como funciona na prática? Veja abaixo as três principais etapas.

1) Pré-negociação

Tudo começa quando o investidor entra no home broker da corretora onde possui sua conta, seja pelo computador, seja pelo celular. Se ele quer comprar uma ação, por exemplo, escolhe o ativo, sugere o preço e envia a ordem para a corretora. 

Para que a negociação possa ser realizada de forma segura, a B3 conta com um dos sistemas de avaliação de risco mais avançados do mundo. A tecnologia permite analisar continuamente o risco dos clientes e das operações, com geração de cenários e de preços.

A cada 10 minutos, o sistema realiza um novo cálculo do risco da Clearing (conjunto de sistemas que garante o sucesso da negociação) e de todos os participantes.

2) Negociação

As corretoras são conectadas à bolsa por meio de um link direto ou por um servidor instalado no data center da bolsa. Quando elas enviam a ordem de compra de um cliente para a B3, inicia-se uma nova etapa, na qual é preciso verificar no livro de ofertas se alguém está vendendo aquele volume de ações pelo preço indicado.

Só para lembrar: livro de ofertas é uma ferramenta que apresenta todas as ações negociadas no mercado. Geralmente, o investidor pode consultá-lo no seu home broker para checar  o melhor preço de compra e venda e o volume em negociação de cada papel.

Se o sistema identificar que de fato existe uma oferta disponível para aquela demanda, a B3 confirma para a corretora a ordem de compra. Com a ajuda da tecnologia, todo o processo de negociação leva menos de 1 milissegundo. Isso é menos do que levamos habitualmente em uma piscada de olhos! 

Essa velocidade no processamento dos pedidos é fundamental para o funcionamento do mercado. Para se ter uma dimensão: a B3 já chegou a processar 17,9 milhões de negócios em um único dia, contabilizando compra e venda de ações e derivativos. Esse volume equivale a mais de 40 mil negociações por minuto (ou mais de 700 por segundo).

3) Pós-negociação

Assim que a compra das ações é confirmada, o processo segue para a Clearing e o ambiente de pós-negociação da B3. É nessa etapa que ocorre a avaliação de risco, alocação do negócio e liquidação financeira.

Em resumo, é hora de ver se quem está vendendo possui a ação e se quem está comprando tem realmente o dinheiro. Se estiver tudo certo, o sistema faz a transferência de titularidade do ativo, garantindo que o comprador receba a ação e o vendedor, o valor combinado. Este ciclo de liquidação dura dois dias no mercado brasileiro.

Um detalhe importante: se vendedor não possuir ou não entregar o papel negociado, a Clearing da B3 garante a venda, entrega as ações para o comprador e depois cobra o vendedor. No caso contrário, se o comprador não tiver o dinheiro, a Clearing executa a garantia do cliente para que o vendedor receba o valor negociado.

Concluído o processo, as ações são guardadas em uma plataforma da B3, a chamada Depositária. Esse é o ambiente onde a bolsa de valores faz a custódia (ou guarda) de todos os ativos digitais para todos os clientes.

Investimento e evolução constante 

O crescimento do número de investidores na bolsa e o aumento do volume de negociações têm levado à contínua evolução das tecnologias utilizadas. Tudo para garantir maior tranquilidade a quem investe no mercado de capitais, assegurando eficiência, rapidez e segurança na execução dos negócios.

Não é por outro motivo que a área de tecnologia já corresponde à metade de todo o quadro de funcionários da B3. Uma realidade que se fortalece a cada dia com os esforços da bolsa para atrair mais talentos para este setor.

No Instagram da B3, explicamos em 1 minuto a tecnologia por trás da compra de uma ação.

*Rodrigo Nardoni é vice-presidente de Tecnologia e Segurança Cibernética da B3

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