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Como saber se meu título de renda fixa terá retorno acima da inflação?

Ao escolher um papel, é possível garantir um retorno que supere o índice de preços? Veja a resposta do especialista.

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Pergunta: Como posso saber se o título de renda fixa que eu escolher para investir terá um retorno acima da inflação?

Resposta de Fulgêncio Bomtempo*

Um dos principais objetivos do investidor deve ser proteger seu patrimônio contra a inflação, garantindo assim que seu poder de compra se mantenha crescente ao longo dos anos.

Veja esse exemplo:

Digamos que João conseguiu rentabilizar seu patrimônio em 38% ao longo de 2021. Será que ele fez um bom investimento? Olhando apenas essa informação, a maioria diria que sim, que João é um gênio dos investimentos.

Mas a história não para por aí. João na verdade é Juan, e mora na Argentina. Ele conseguiu 38% ao ano basicamente deixando seu dinheiro na renda fixa. Porém, a inflação na Argentina foi de 50,9% em 2021.

Juan, acabou perdendo para a inflação. Isso significa que a rentabilidade de forma isolada não é suficiente pra determinar se seu investimento está indo bem ou não.

2 principais tipos de títulos de renda fixa indexados à inflação

Agora que entendemos a importância de olhar pra inflação e não apenas a rentabilidade, vamos entender melhor quais os 2 principais modelos de títulos de renda fixa indexados à inflação.

No mercado, é comum encontrar títulos que pagam inflação mais uma taxa fixa (Ex.: IPCA + 3% a.a.), isso significa que no vencimento do seu título o capital investido vai ser devolvido corrigido pelo índice de inflação acrescido de uma taxa pré-estabelecida. 

O que o investidor precisa ficar atento nesse caso, é se o título tem liquidez ou não.

Títulos como LCI, LCA e debêntures costumam não ter liquidez, obrigando o investidor a manter o investimento até a data de vencimento. Sem surpresas pro investidor.

Do outro lado, temos títulos que possuem liquidez, nos quais o investidor pode se desfazer do título a qualquer momento, como é o caso dos títulos do Tesouro Direto, nesse caso específico o Tesouro IPCA+ e Tesouro IPCA + com Juros Semestrais. Ambos têm o objetivo de rentabilizar o investidor acima da inflação.

Esses podem causar grandes surpresas ao investidor ao longo do caminho. Nem todo título indexado à inflação vai te garantir retorno acima da inflação

No curto prazo, os títulos que possuem liquidez, como o Tesouro IPCA+, sofrem influência direta dos movimentos de taxa de juros e podem oscilar, assustando o investidor que acreditava que a renda fixa seria sempre fixa e sem surpresas.

Para se ter uma referência recente, quem investiu no Tesouro IPCA+ com vencimento em 2045 em janeiro de 2021, viu seu investimento desvalorizar 25,4% ao longo de 2021.

Essa volatilidade nos títulos que possuem liquidez pode causar espanto para o investidor, fazendo com que ele venda os títulos com prejuízo.

Importante lembrar que essa volatilidade acontece no meio do caminho, mas segurando o título até a data de vencimento ele vai cumprir com o combinado, entregando inflação mais a taxa determinada na contratação.

É o comportamento do investidor que pode prejudicar a entrega do resultado.

A inflação que realmente importa

Quando falamos em inflação, alguns indicadores sempre vêm à nossa mente, os mais comuns sendo IPCA e IGPM. Mas qual a inflação que realmente importa?

Esses indicadores refletem o que conhecemos como inflação oficial, são obtidas por meio de instrumentos de pesquisa e divulgadas pelas mídias e governo como indicadores de inflação oficiais de determinado segmento ou público em determinada faixa de renda.

Mas existe outra inflação que é ainda mais importante para o investidor – a inflação pessoal. Cada família sente a inflação de uma forma específica e, consequentemente, cada família também consegue alterar seu padrão de consumo para se proteger da inflação da forma que for mais conveniente. Através do controle das finanças pessoais é possível identificar onde está havendo aumento de gastos e buscar soluções pra manter seu orçamento o mais controlado possível, consequentemente controlando sua inflação pessoal.

Qual estratégia de investimento adotar pra se proteger da inflação?

A melhor estratégia que se pode adotar pra proteger seus investimentos da inflação é não confiar apenas em um único investimento.

A diversificação de ativos permite que sua carteira de investimento entregue melhores resultados ao longo dos anos e é o resultado em 5, 10, 20 anos que realmente importa e não de um ano isoladamente.

Quando contamos com gestão ativa e profissional, através de fundos de investimento por exemplo, existem estratégias de proteção contra inflação que o investidor pessoa física não consegue fazer.

Por fim, manter o foco naquilo que você controla é fundamental. E o que controlamos como investidor são: nosso orçamento, mantendo nossa inflação pessoal sob controle; e nossos aportes, buscando investir sempre, independente do cenário econômico.

*Planejador financeiro na Fiduc

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