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ESG na Prática

Qual é o papel do investidor nas práticas ESG?

Quem aplica em ativos de organizações sustentáveis se torna um agente de pressão sobre o mercado.

Marcos Rodrigues

A alocação de recursos em fundos ESG não para de crescer. Dados da Anbima indicam que esses investimentos superaram os US$ 370 bilhões no mundo em 2021. E no Brasil, da mesma forma, a busca por esse tipo de ativo disparou e já movimenta R$ 800 bilhões.

Há um movimento claro da sociedade em prol da sustentabilidade e o mercado tem procurado responder à demanda de investidores que se preocupam em obter rentabilidade, mas que também querem contribuir para reduzir impactos ambientais, sociais e sobre más gestões que impliquem em problemas financeiros e legais.

Trata-se de um processo lento e constante. Quando o ESG entrou na pauta das Nações Unidas, o tema parecia mero discurso. Mas aos poucos ele foi se transformando, amadurecendo e está se consolidando. Não só mais empresas estão investindo no conceito ESG como mais e mais investidores se mostram interessados em contemplar essas empresas. Os números divulgados pela Anbima são um retrato dessa realidade.

É fácil entender as razões que levam o mercado de capitais a tomar o ESG como um caminho a ser trilhado. Todo investidor, claro, quer bons retornos financeiros. Mas a ideia que prevalecia, de ganhar dinheiro a qualquer custo, começou a ser substituída pela consciência de que a sustentabilidade é uma necessidade.

Vamos pegar como exemplo um caso amplamente noticiado que foi o rompimento da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais. Pertencente à Vale, uma das maiores mineradoras do mundo, o acontecimento matou centenas de pessoas, destruiu parte considerável da flora e da fauna local e ainda impactou negativamente na vida de milhares de famílias que viviam da pesca, da agricultura e do turismo. Se a conta total ainda não foi paga, ela será em algum momento.

Quando o investidor opta por fundos ou por qualquer ativo de empresas sustentáveis ele está contribuindo para que as demais corporações passem a olhar o conceito ESG como ferramenta de crescimento e de rentabilidade e não como custo adicional como muitas ainda enxergam. Ele próprio se torna um agente de pressão sobre o mercado para que a totalidade das empresas passem a implantar modelos de gestão baseados nessas práticas.

Exemplos desse poder que os investidores têm sobre as decisões das empresas não faltam. Talvez o mais notório seja a iniciativa de Larry Fink, CEO da BlackRock, maior gestora de recursos do mundo, que em 2019 anunciou que deixaria de investir em empresas com alto risco relacionado à sustentabilidade, transferindo seus recursos para aquelas que têm o ESG como foco.

Fink, aliás, não estava sozinho. No mesmo ano, milhares de investidores globais se comprometeram com a causa ESG na análise de investimentos ao assinarem o Principles for Responsible Investment, iniciativa apoiada pelo Pacto Global da ONU.

Assim como a BlackRock, outras instituições seguem nessa mesma direção. E os investidores individuais também podem dar uma parcela de contribuição. Pequenos ou grandes, eles são a força motriz capaz de direcionar as corporações para práticas ESG. Possivelmente este é o principal papel deles em um mundo carente de soluções sustentáveis.

*Marcos Rodrigues é sócio da BR Rating e da MRD Consulting. C-Level e membro de Conselhos nas áreas de tecnologia, serviços, indústria, saúde, varejo, educação e transporte no Brasil e exterior.

As informações desta coluna são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação. 

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