Minha conversa para a série “Mentes brilhantes” é com um dos mais dinâmicos executivos do mercado brasileiro de tecnologia, com experiências de trabalho na Microsoft, no Brasil e nos Estados Unidos, na Amazon, na Netshoes, na Accenture Digital e, há 3 anos, como vice-presidente da TOTVS. Com vocês, o expert em inovação e transformação digital Juliano Tubino.
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Se você tem mais de 30 anos, é bem provável que se lembre do número do telefone fixo que foi usado em sua casa até os anos 90, quando o celular passou a dominar o mercado da comunicação entre as pessoas. Naquela época não tinha internet, e a quantidade de informações que as pessoas consumiam era infinitamente menor que a avalanche de dados que estamos expostos atualmente. Era uma época em que o entretenimento, quando garoto, era assistir a um desenho na TV ou jogar bola com amigos na rua, condomínio ou clube.
Hoje, uma criança com 5 anos busca o que quer assistir no YouTube para colocar na TV e, ao mesmo tempo, pega o celular do pai para brincar com joguinhos. Em um mundo onde as transformações ocorrem em uma velocidade cada vez maior, qual será o impacto dessa avalanche de informações da Era Digital na vida das pessoas e no mercado em geral nos próximos anos?
Esse foi um dos assuntos abordados na nova conversa da série “Mentes Brilhantes” com Juliano Tubino, vice-presidente de negócios da gigante de tecnologia brasileira TOTVS (TOTS3). Com uma visão diferenciada do mercado, ele não titubeia ao apontar que o corpo humano já não consegue acompanhar o crescimento do volume de informações que lidamos e estamos expostos atualmente.
“A capacidade que essa geração tem de processar e armazenar conhecimento já é limitada, e eles não vão lembrar das coisas que aconteceram na vida deles do jeito que a gente lembra, ou assimilar conhecimento da forma que a gente assimila”, diz Tubino, que aos 18 anos já atuava na Microsoft tendo participado do desenvolvimento do Windows 95, que revolucionou o mercado de sistemas operacionais e foi um marco para a big tech.
De lá pra cá ele acumula passagens por grandes empresas como Netshoes, Amazon e Accenture Digital, morou por vários anos nos Estados Unidos ao voltar a trabalhar na Microsoft onde atuou com a oferta de softwares para novas empresas (que à época não eram chamadas de startups) até voltar para o Brasil há cerca de 3 anos. Formado em Ciências da Computação e também Marketing, ele aceitou o desafio de assumir um cargo do alto escalão da TOTVS após uma conversa informal com o fundador da companhia, Laércio Cosentino.
Ele aponta que o fato de ser uma empresa de capital aberto onde qualquer iniciativa tem impacto no valor da ação da companhia, além de ter uma atuação muito ligada ao mercado brasileiro foram os principais fatores que o motivaram a atuar na companhia, e que os resultados têm sido excelentes. Nos últimos anos, o valor da TOTVS triplicou com aumento de share, satisfação dos clientes e novos produtos. Como exemplo desse sucesso, ele cita que mais da metade das empresas que fizeram IPO em 2020, ano de pandemia, era cliente da companhia.
Entre os destaques recentes que teve a participação de Tubino está o lançamento, no ano passado, do braço de negócios Techfin com atuação focada no desenvolvimento de produtos financeiros. O objetivo é aproveitar a enorme quantidade de dados que as ações financeiras fornecem (compra, venda, pagamento e recebimento) para integrar e simplificar serviços que hoje estão ultrapassados como, por exemplo, pagamento por boleto. Ele explica que a área também aproveitará as informações para oferecer produtos mais personalizados levando em consideração dados de compra, formas de pagamento, produtos adquiridos, inadimplência, entre outros.
Com toda essa sua experiência, com passagens por big techs e agora como VP da TOTVS, como um executivo deve se planejar para buscar as posições mais alta de uma companhia?
Aproveitei a bagagem de Tubino no mercado de tecnologia para comentar sobre o impacto da era digital dentro das corporações, já que ele tem acompanhado esse movimento tanto no Brasil quanto no exterior. Ele aponta que antes, assuntos ligados à tecnologia eram exclusivos da área de TI, mas que atualmente essa expertise se expandiu dentro das companhias, onde qualquer profissional, seja da área de vendas, controle ou RH, tem propriedade para tratar de inovações e novos serviços.
No fim da conversa, fiz uma brincadeira de projetar o mercado para daqui 10, 15 anos citando as tendências do mercado e me surpreendi com a sua visão tendo como base o mundo em que vivemos hoje. Primeiro ele citou que haverá uma capacidade computacional muito maior, com objetos e processos inteligentes que vão facilitar atividades como fazer declaração do imposto de renda, obter diagnósticos, obter créditos e muitas outras.
Mas a que mais chamou a atenção foi a tendência sobre os avanços da biotecnologia, que vão culminar no mapeamento e sistematização de genes, possibilitando a sua alteração. Voltamos aqui ao início deste texto, onde hoje os mais jovens já não estão conseguindo assimilar todo o volume de informações. O resultado é o avanço no desenvolvimento de estimulantes tecnológicos ou químicos para as pessoas poderem acompanhar, e processar, a enorme quantidade de dados que fazem parte do seu dia a dia. Só assim, com inovações que remetem aos filmes de ficção, talvez possamos lembrar o número de nosso celular daqui a 30 anos.
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