Parece que a Hyundai aprendeu com seus erros. Prova disso é o novo HB20, cuja primeira reestilização foi apresentada na semana passada em Campinas (SP). Ao contrário do modelo anterior, cuja ousadia no design fez muita gente torcer o nariz, o compacto traz linhas muito mais harmônicas – e que devem alavancar (ainda mais) as vendas do hatch.
Isso porque, mesmo com o estilo controverso (que rendeu apelidos maldosos como o de “bagre”, devido à semelhança da estranha grade frontal com a boca do pobre peixe), o HB20 se tornou o automóvel de passeio mais vendido do Brasil. Hoje, o hatch só está atrás da Fiat Strada, que é classificada na indústria automotiva como um comercial leve – e, portanto, não está na mesma categoria de HB20 e outros modelos.
Critérios à parte, fato é que a liderança da Hyundai também aconteceu por conta da paralisação na produção do Chevrolet Onix. Em 2021, a falta de componentes (sobretudo os tão falados semicondutores) fizeram a empresa interromper a fabricação do Onix por cinco meses. A produção foi retomada em agosto passado (com direito a paralisações pontuais desde então pelos mesmos motivos de antes), mas o modelo da GM ainda não conseguiu retomar a liderança. E pior: sequer chegou a ameaçar o HB20.
Façam suas apostas
Sorte da Hyundai, que tem tudo para consolidar seu domínio com a chegada do novo HB20. Além do design mais acertado (ainda que beleza seja subjetiva), a nova linha de compactos investe na lista de equipamentos.
Desde a versão de entrada Sense, o HB20 traz 6 airbags, controles de estabilidade e de tração, assistente de partida em rampas, lanternas em LED e luzes de iluminação diurna. É verdade que a maioria dos itens também é encontrada no Onix, mas é no pacote de itens de segurança é que o Hyundai se distancia do rival.
Chamado de SmartSense, ele equipa apenas a versão mais cara Platinum Plus. Além dos equipamentos já oferecidos no modelo anterior, como alerta de colisão frontal e frenagem autônoma de emergência (que agora identifica ciclistas), ele ganhou importantes itens, como o assistente de permanência em faixa de rolagem, que emite sinais sonoros e realiza correções no volante ao notar que o veículo está invadindo a faixa vizinha. Também vem com o alerta de tráfego cruzado traseiro, capaz de identificar a iminência de uma colisão na traseira e até acionar os freios de forma autônoma, se necessário.
O HB20 mais luxuoso ainda traz o sensor de pontos cegos (que também assume a direção caso o condutor tente mudar de faixa) e o sistema de saída segura, que alerta com sinais sonoros e visuais caso um veículo se aproxime quando alguém abrir uma das portas. Por fim, o compacto inclui alerta de presença nos bancos traseiros, sensor de fadiga, farol alto adaptativo (que impede o ofuscamento de quem trafega no sentido oposto) e monitoramento de pressão dos pneus.
A fabricante decidiu não realizar alterações nas motorizações de 1-litro. Assim, as versões mais baratas usam o 1.0 aspirado de três cilindros em linha, que entrega até 80 cv e 10,2 kgfm com etanol, sempre associado ao câmbio manual de cinco marchas. Já as configurações mais caras adotam o 1.0 turbo de até 120 cv e 17,5 kgfm, podendo vir com câmbio manual ou automático, ambos com seis marchas.
A gama HB20 conta com nada menos do que sete versões. Os preços anunciados pela Hyundai na ocasião do lançamento variam entre R$ 76.690 na versão Sense 1.0 e R$ 114.390 na configuração Platinum Plus 1.0 turbo com caixa automática.
Com um produto moderno, bem equipado e agora bonito, a Hyundai espera consolidar a posição de liderança do HB20, que tem tudo para fechar 2022 na posição mais alta do pódio entre os automóveis de passeio. Por isso, é bom a Chevrolet se mexer, senão o Onix – que foi o carro mais vendido do país por cinco anos – voltará ao topo.
*Vitor Matsubara é jornalista automotivo e editor do Primeira Marcha. Tem passagens por Quatro Rodas, de 2008 a 2018, e UOL Carros, de 2018 a 2020. |
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