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Investir em empresas não basta. É preciso ser parceiro

Vemos investidores que dão a entender que gostariam de ter o cargo de CEO, mas não querem, de fato, empreender.

empreendedor

No cenário de inovação nacional e internacional, tem crescido o número de executivos (as) saindo do mercado corporativo e grupos parceiros aportando investimentos em startups – nicho que tem trazido disrupção e, claro, números expressivos de expansão e lucro.

Mas, por trás dos mais de 13 mil negócios no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Startups, há empreendedores lutando diariamente para conquistar seu espaço. A corrida não é fácil – é preciso muito tempo, suor, dedicação e… grana! Por isso, a grande maioria dos CEOs e founders dividem-se entre fazer “a coisa acontecer” e buscar aportes para alcançar o próximo degrau.

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Mas não é só dinheiro que pode fazer diferença no sucesso (ou fracasso) de uma ideia. O empreendedor precisa de parceiros, porém, raramente os encontra. Atualmente, vemos investidores que, por seu comportamento, dão a entender que gostariam de ter o cargo de CEO, mas não querem, de fato, empreender. São tantos pitacos e cláusulas de controle que, por muitas vezes, o time se sente sufocado, o que, inevitavelmente, acaba “amarrando” o desenvolvimento das iniciativas.

Startup é movimento

Essa falta de entendimento do papel do investidor dificulta a relação com os fundadores e cria frustrações de ambos os lados. Afinal, startup é movimento – não combina com burocracia e processos engessados. Seu diferencial está exatamente na criatividade, nas decisões e reações rápidas. Se o fundador precisa de autorização do investidor para assinar cada cheque, não tem como essa empresa evoluir.

Além disso, existe uma desproporcionalidade entre o nível de poder que o investidor exige e sua participação em cotas. Lembrem-se que, mesmo quando ele tem 20% de um negócio, os fundadores têm 80% ou, nos casos em que um grupo de anjos tem 20%, isso pode significar que esse investidor individualmente tem 2% ou menos de 1% das ações. Ou seja, não faz sentido que ele seja o decisor dos rumos dessa iniciativa.

Existem cenários onde os investidores, para minimizar seu risco, tentam ter a maior quantidade possível de ações da empresa (esquecem que 40% de uma startup falida é zero), ou então, colocam cláusulas escondidas no contrato que permitem executar o aporte como uma dívida, recebendo de volta o seu dinheiro utilizado com juros, caso a ideia não dê certo.

Isso, além de ser moralmente questionável, afugenta pessoas sérias que possivelmente investiriam na ideia futuramente, tirando assim a competitividade da startup diante dos concorrentes e, de quebra, ainda faz com que os fundadores se sintam explorados e insatisfeitos.

Afinal, o empreendedor é a estrela desse show, é a linha de frente que sabe o que precisa e quando precisa, que necessita de motivação para trabalhar de 12 a 14 horas por dia, sete dias por semana, sempre antenado ao mercado. E isso não vai acontecer se ele tiver que prestar contas e justificar cada passo. Por isso, cabe a esse investidor dar suporte, servir e confiar que o empreendedor vai conseguir executar o que se propôs a realizar e, se preciso, ajudar quando for solicitado.

Nesse sentido, é importante criar uma relação saudável e construtiva entre as duas pontas, trabalhando sempre juntos em prol do crescimento do negócio e dos benefícios para todas as partes. Foco correto é crescimento certo.

*Diretora geral da DiliMatch, consultoria estratégica para investidores brasileiros e estrangeiros que aportam em iniciativas nacionais, e para startups que procuram por investimento.