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A vantagem do ‘disclosure’ para o investidor

Entenda a importância de buscar uma organização que seja transparente e compartilhe informações com os seus clientes.

Tiago Reis

O termo “disclosure”, traduzido do inglês para “divulgação”, representa o ato de fornecer informações a todos os interessados.

No universo financeiro, o disclosure é responsável por toda a divulgação de informações sobre uma empresa que podem influenciar a decisão de um investidor, tornando-se um indicador importante para se levar em conta na hora de escolher um ativo.

No entanto, as informações não são só do interesse dos investidores, mas também do governo e de fornecedores, clientes, funcionários e quaisquer outras partes envolvidas em um negócio.

As informações que precisam ser divulgadas englobam tanto demonstrações e análises financeiras, como dados dos resultados, estoques, entradas de caixa, aquisições e subvenções recebidas, quanto informações que não necessariamente envolvem valores financeiros, como colaboradores e situações econômicas capazes de afetar os resultados.

Portanto, o principal foco do disclosure é fornecer informações relevantes para os investidores tomarem decisões informadas de investimento.

Apesar de a divulgação de algumas informações serem exigidas por regulação, existem empresas que, de forma voluntária, divulgam mais que o mínimo exigido, demonstrando um compromisso com a transparência.

Há dois mecanismos bastante relevantes para a divulgação de informações das empresas brasileiras:

1 – Sites de Relações com Investidores (RI): a grande maioria das companhias tem um RI bem estruturado, que dá acesso a demonstrações contábeis anuais e trimestrais, bem como apresentações institucionais e outros documentos relevantes. Para o investidor, é uma experiência valiosa visitar o site das empresas em que investe, verificar o interesse na divulgação dos dados e conhecer um pouco melhor as instituições.

2 – Plantão da B3: por exigência da CVM, as empresas precisam divulgar em tempo hábil quaisquer fatos ou informações relevantes ou não que sejam relacionadas às suas atividades. É possível encontrar informações sobre aquisições, vendas de participações e anúncio de dividendos, entre outras.

No Brasil, a própria bolsa de valores (B3) estabeleceu níveis de governança corporativa para as empresas se enquadrarem. Assim, conforme uma companhia avança nesses níveis, a mais regras ela precisa atender, o que resulta em um disclosure maior.

Atualmente, existem os níveis Bovespa Mais, Nível 1, Nível 2, e Novo Mercado, sendo o último o mais alto nível de governança, caracterizado por empresas que divulgam informações além das exigidas.

Todos esses segmentos prezam por regras de governança corporativa diferenciadas, que vão além das obrigações que as companhias têm perante a Lei das Sociedades por Ações (Lei das S.As).

O investidor deve se perguntar porque o Novo Mercado é o melhor no quesito de informações, mas, ao mesmo tempo, não é obrigatório para todas as empresas.

Acontece que, quanto maior o nível de governança, maiores são os custos e as mudanças na estrutura necessárias para sua implementação. Portanto, o provável é que, no longo prazo, cada vez mais empresas migrem para esse nível – ou já entrem na bolsa dentro dele.

Um bom exemplo da importância do disclosure nas empresas ocorreu durante a turbulência da pandemia da covid-19, com restrições nas atividades e impactos econômicos. Afinal, praticamente todas as companhias tiveram de adotar uma série de medidas para conter impactos em suas operações (em alguns casos, muito expressivas).

Ao fazerem isso, muitas empresas divulgaram constantemente, aos acionistas e ao mercado, informações sobre o impacto da covid-19 em suas operações, bem como as medidas tomadas em resposta. Isso permitiu que o investidor não só acompanhasse o que acontecia, mas também ficasse mais tranquilo com o que a companhia realmente fazia para contornar a situação.

Dessa forma, fica claro que o investidor deve ter um enorme cuidado com o nível de disclosure das empresas, principalmente com aquelas que divulgam informações pouco claras, que abrem margem para erros.

Evidentemente, o papel do investidor não consiste apenas em consumir a informação. Ele também deve exigir ativamente as informações com qualidade, as quais, ao longo do tempo, serão cada vez mais fornecidas pelas companhias – desenvolvendo, por fim, a relação entre empresa e investidor.

De maneira geral, empresas com boa governança tendem a ser muito transparentes com os investidores minoritários e com o mercado. Nesse sentido, é fundamental que o investidor analise como a empresa que investe se comunica com o mercado, se é transparente ou não.

*A Suno é uma casa de análise especializada em conteúdo sobre investimentos e educação financeira para o pequeno investidor pessoa física.

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