Tão importante quanto dominar a teoria de finanças corporativas é dominar a emoções e os vieses envolvidos no processo de decisão e análise de investimentos, visto que eles são os principais responsáveis pelos baixos retornos no longo prazo. Eles são os maiores inimigos do investidor.

Para se ter uma noção do custo da irracionalidade, Peter Lynchresolveu realizou um exercício com seu fundo, que obteve um retorno anualizado de 29% entre 1977 e 1990. No entanto, segundo estimativas do próprio investidor, o cotista médio do fundo ganhou apenas 7% ao ano, visto que a grande maioria se desvencilhava das posições após as quedas e somente as recomprava após uma grande recuperação.

No artigo de hoje, abordarei
alguns dos principais vieses enfrentados pelo investidor durante suas análises
ou decisões de investimento.

1 – Viés da ancoragem

O
viés de ancoragem faz com que uma informação inicial tenha maior peso na
tomada de decisão ou no julgamento de tudo que se segue, independentemente de
sua relevância. Ou seja, as pessoas confiam demais na primeira informação do
que escutam.

Isso acontece pelo fato de a mente humana
necessitar de um ponto de referência em que possa basear suas estimativas e
julgamentos. Dessa forma, a primeira impressão tende a ser muito mais
poderosa.

Sendo assim, se um investidor é previamente exposto a palavras como “pechincha” e “barato” antes de tomar uma decisão, ele tem mais chances de avaliar essa ação como uma boa oportunidade de compra.

2 – Efeito Bandwagon

A probabilidade de uma pessoa adotar uma crença
aumenta com base no número de pessoas que concordam com ela. Esse é um
exemplo poderoso de pensamento em
manada.

Esse viés nos faz seguir uma tendência de
comportamento simplesmente porque muitas outras pessoas estão seguindo, sem
pensar ou raciocinar sobre a lógica por trás dessas ações. Muitos acreditam
que isso ocorra porque buscamos constantemente a sensação de pertencimento e
de estar no time vencedor.

Uma vez que errar quando todos acertam e “ser rejeitado pelo bando” são experiências dolorosas, ser diferente se configura como uma tarefa muito arriscada, apenas possível para poucos investidores dignamente contrarians.

3 – Viés do ponto cego

Não reconhecer seus próprios vieses é um viés
em si. As pessoas percebem vieses cognitivos muito mais nos outros do que em si
mesmas.

Desconfie
de todos os investidores que se dizem 100% racionais e livres de vieses. Essas
características são inatingíveis até para os melhores investidores do
mundo, também reféns dos próprios vieses.

Minha experiência mostra que esses são, justamente por serem os que menos percebem seus vieses, os mais passionais e descontrolados.

4 – Viés de confirmação

Temos a tendência de ouvir e buscar apenas as
informações que confirmam nossas crenças e convicções, ignorando aquelas
que nos contradizem. No mundo dos investimentos, esse viés faz com que
tendamos a atribuir importância maior às opiniões favoráveis à nossa tese
de investimento.

Um exemplo interessante é a “briga” entre o
defensor dos investimentos passivos e o defensor dos investimentos ativos. O
primeiro buscará ler, no geral, sobre ETFs e fundos indexados. Por sua vez, o
segundo lerá sobre stock picking.

O engraçado é que, quanto mais a fundo eles
forem sobre o tema, provavelmente mais certos se sentirão sobre seus
respectivos pontos de vista.

Sendo assim, os vieses são grandes detratores de nossos retornos, e são muito perigosos por serem inconscientes. Espero que possa ter te ajudado com a identificação de alguns.

*A Suno Research é uma casa de análise especializada em conteúdo sobre investimentos e educação financeira para o pequeno investidor pessoa física.

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