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Primeira Marcha

Carro zero ficará mais barato, mas ainda está longe de ser popular

Redução nas alíquotas é parte de pacote de medidas para tentar reaquecer as vendas da indústria automotiva.

Imagem de divulgação.

O governo anunciou na semana passada um plano para reduzir os preços dos carros novos até R$ 120 mil.

As regras são simples e aplicadas de acordo com o índice de nacionalização, preço e índice de emissões de poluentes. O reajuste abrange as alíquotas de IPI, PIS e Cofins, sendo que a queda deve variar de 1,5% a quase 11%.

Popular para quem?

Apesar dos esforços, não poderemos chamar um veículo de entrada de “popular”, em alusão ao termo criado em meados dos anos 90. Afinal de contas, mesmo com o abono máximo e ainda que as fabricantes retirem alguns equipamentos, dificilmente os modelos mais baratos não vão custar menos do que R$ 60 mil.

E mesmo que isso aconteça, não custa lembrar que hoje o brasileiro precisa trabalhar por mais de quatro anos (51,5 meses, para ser mais exato) para adquirir um carro “popular”. E isso considerando que ele não realize gasto algum, algo impossível.

Os cálculos foram feitos por Matheus Peçanha, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ibre), que considerou o salário mínimo de R$ 1.302. O valor foi reajustado para R$ 1.320 no início de maio.

O mesmo levantamento mostra que, em 2019, um trabalhador levava 31 meses para juntar a quantia necessária para comprar um carro novo. E naquele tempo o piso salarial era de R$ 998.

Quatro anos atrás, o Renault Kwid Zen era o modelo mais acessível do país. O compacto era vendido por R$ 32.290, e o comprador poderia quitá-lo em 33 meses. Hoje, o mesmo veículo sai por mais de R$ 66 mil.

Carros ficaram mais equipados, mas…

É verdade que os carros de entrada da atualidade são bem mais equipados do que há alguns anos. Isso vale especialmente para a segurança, uma vez que as montadoras oferecem itens como airbags laterais e controle de estabilidade, além das bolsas infláveis dianteiras e os freios ABS, que são obrigatórios por lei desde 2014.

A disparidade é ainda maior se compararmos com os populares dos anos 90, quando faltavam até itens básicos para a condução, como saídas de ar laterais e, pasme, até o espelho retrovisor externo do lado direito. Mesmo assim, os preços já eram longes de serem acessíveis: fazendo as devidas correções para os tempos atuais, o carro popular daquela época custaria aproximadamente R$ 50 mil.

Evidentemente o consumidor saiu ganhando sob essa ótica. E está descartada qualquer chance de retrocesso, uma vez que as montadoras sinalizaram que não pretendem depenar os carros na ânsia de promover uma briga por preços.

Fato é que muitos carros ficarão um pouco mais baratos – ou menos inacessíveis, se você preferir. Resta saber até quando isso acontecerá, uma vez que o governo já afirmou que as medidas serão temporárias. 

As informações desta coluna são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação. 

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