Foi em 2021 que a Stellantis assumiu o comando de Peugeot e Citroën. Na ocasião, o presidente do grupo, Antonio Filosa, estimou que em 24 meses poderia igualar o sucesso que as marcas fizeram no começo da década passada, quando somavam aproximadamente 5% de participação do mercado.
Só que os resultados vieram um ano antes do esperado. No caso da Peugeot, a empresa atingiu seu maior crescimento em volume absoluto com 4.083 unidades comercializadas em janeiro. Com isso, a marca obteve 3,5% de participação de mercado, o melhor resultado desde 2008.
Tudo isso fez com que a marca chegasse ao nono lugar nas vendas por montadoras, graças à participação de mercado de 3,5% em janeiro – o maior em 14 anos. Frente aos números mensais de um ano atrás, o crescimento nas vendas chegou a impressionantes 163%. Parte desse feito se deu por conta das vendas diretas, especialmente de modelos como o hatch 208 e o utilitário esportivo 2008.
A Citroën conseguiu um feito ainda mais impressionante. No primeiro mês de 2022, a marca emplacou 2.488 unidades, com crescimento de 207% no volume de vendas comparado com um ano atrás. Assim, a empresa conquistou uma participação de mercado de 2,1% em janeiro, seu melhor desempenho nos últimos oito anos.
Quem puxou a fila da marca foi o C4 Cactus. O SUV compacto teve 2.283 veículos emplacados em janeiro, que lhe renderam 7,2% das vendas da categoria. Assim como na Peugeot, as vendas diretas também estão impulsionando os resultados do modelo.
A expectativa para os próximos meses é ainda mais otimista. Isso porque a Citroën joga todas as suas fichas na estreia do novo C3, que retorna ao mercado como um SUV subcompacto, ou seja, abaixo do C4 Cactus.
Trajetória de altos e baixos
As empresas desembarcaram por aqui em meados dos anos 90 com a reabertura das importações e começaram a produzir veículos no Brasil em 2001, quando o grupo PSA-Peugeot Citroën inaugurou a fábrica de Porto Real (RJ).
Desde então, as duas marcas colecionaram momentos de glória e drama. Houve lançamentos bem sucedidos, como o Peugeot 206 e o Citroën C3. Ambos tiveram bons resultados nos primeiros anos de vida e trouxeram muitos clientes para as marcas.
Outros produtos, porém, nunca conquistaram o resultado esperado. Foram os casos do Peugeot 207, uma reestilização mal sucedida feita sobre o antigo 206, e Citroën C4 Lounge, que tinha a dura missão de cavar seu espaço em um segmento dominado pelos japoneses Toyota Corolla e Honda Civic.
Nos últimos anos, as duas marcas deixaram alguns segmentos tradicionais e passaram por enxugamentos em suas linhas de produtos. A Citroën ainda tem o C4 Cactus como opção solidária na gama de automóveis de passeio, enquanto a Peugeot apóia suas vendas no 208 e apresenta recuperação com o 2008.
Mesmo com as limitações, a Stellantis conseguiu “botar ordem na casa” e aplicou a receita que faz sucesso com Fiat e Jeep. O resultado não poderia ser outro e as francesas caminham a passos largos para retomarem o prestígio perdido no passado.
*Vitor Matsubara é jornalista automotivo e editor do Primeira Marcha. Tem passagens por Quatro Rodas, de 2008 a 2018, e UOL Carros, de 2018 a 2020. |
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