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Sobre a coragem de mudar e ‘recalcular a rota’ de nossas vidas

Com o avanço da vacinação, surge a expectativa de retomada e grandes mudanças.

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É hora de recalcular a rota. De novo. Bem agora, quando surge um suspiro de esperança com o avanço da vacinação, quando surge uma expectativa de que aos poucos vamos retomar as nossas vidas. Mas que vida?

A pandemia nos trouxe uma sensação de que não controlamos mais nada. Tivemos que aprender a viver sem o controle, sem muitos planos, com uma dose alta de improviso. Cada um sobreviveu como deu, dentro das suas possibilidades e condições físicas e emocionais.

Por aqui não foi diferente. No início da pandemia, eu e minha família tomamos a decisão de passar um tempo no interior de São Paulo. Meus filhos são pequenos e priorizamos a qualidade de vida deles, um pouco mais de natureza, quintal e vida mais calma.

Acontece que esse “tempo” acabou sendo muito tempo. Não só para mim, mas para todos nós que estamos em pandemia desde março de 2020.

Fomos nos adaptando. Foram muitos momentos bons, mas muitos desafiadores também. Nossa vida é feita de escolhas. E, a cada escolha, uma renúncia.

Com filhos, nós mudamos um pouco a forma de fazer essas escolhas. E acredito que nós mulheres temos esse dom, de estar sempre pensando no coletivo. Tomamos nossa decisão querendo atender as necessidades de quem amamos e, algumas vezes, acabamos ficando em segundo plano.

Que a pandemia foi dura demais para as mulheres, isso todos nós já sabemos. Para algumas foi mais dura do que para outras. Mas, de alguma forma, todas nós fomos afetadas. Foram muitas funções acumuladas, nossa saúde mental abalada. Uma gerência geral de bem-estar… Casa, filhos, família, equipes… E o nosso bem-estar foi ficando como deu.

De novo, por aqui também não foi muito diferente.

Sobre a coragem de mudar

Eu comecei o projeto da Fin4she compartilhando muito relatos pessoais, contando sobre a minha jornada no mercado de trabalho como mãe e agora empreendedora. Gosto muito de dividir minhas histórias, pois elas contam com verdade o que me motiva e conecta com meu propósito e projeto. Quem já me ouviu sabe que já passei por muitas das situações que defendo, que parecem clichês, mas de fato aconteceram. E como eu acredito que na vida tudo é muito sincrônico, o universo me colocou em um momento de recalcular a rota novamente.

Estou muito realizada com o meu momento profissional, com muitos novos projetos e a Fin4she com um mar imenso a ser navegado pela frente. Retornamos recentemente para a capital e eu com todo gás e pronta para voar ainda mais. Família por perto, uma rede de apoio incrível que me apoia e permite me dedicar aos meus projetos. Tudo parece conspirar a favor, certo?

Sim, se meu marido não fosse profissionalmente transferido para um lugar bem distante de São Paulo. Mais precisamente Teresina, no Piauí. Minha primeira reação foi um choque. A segunda foi: “Não vou. Eu e as crianças ficaremos em São Paulo!”. A terceira reação foi pausar e refletir. Ou melhor, digerir.

Por que é tão desafiador para nós, mulheres?

Tenho a sensação de que estamos sempre em encruzilhadas de escolhas difíceis. Ser mãe ou ser executiva? Carreia ou família? Trabalhar fora ou ficar com filhos? O que a vida está tentando me ensinar com tudo isso?

Logo eu, que sempre tanto falo que as mulheres precisam investir em si mesmas e nos seus sonhos, que devem ser as protagonistas de suas vidas.

O fato é que precisamos de mais leveza e adaptabilidade. Nós mulheres temos esse dom. Somos boas em nos reinventar, em adaptar e olhar para frente.

Eu sei que tenho um desafio gigante pela frente, mas eu escolho a minha família e a minha carreira. Sim, porque não se trata de um ou outro, e sim de ser humana. Eu vou fazer o que estiver dentro do meu alcance para que funcione. Com o apoio do meu marido e também do meu time para se adaptar, e dos meus meninos que talvez tenham que entender que a mãe vai viajar um pouquinho mais.

Sem culpa, já com saudade da família e amigos e com a certeza de estar seguindo bons ventos. Sem preconceito para desbravar esse nosso país tão plural e diferente.

A melhor decisão é aquela em que escutamos o nosso coração. Eu vou com ele aberto e com muita vontade que seja incrível.

Mulheres do Nordeste, me aguardem, pois estou chegando!

*Co-fundadora do Fin4she, atualmente é responsável por liderar e implementar os projetos para promover o protagonismo das mulheres no mercado e a independência financeira feminina. É a idealizadora do Women in Finance Summit Brazil, com mais de 800 mulheres do mercado inscritas. Foi executiva da Franklin Templeton por 10 anos e trabalha no mercado financeiro desde 2006. É mãe do Tom e do Martin e através do Fin4she tem a missão de promover uma transformação na carreira e vida das mulheres, para que iniciativas como essa não precisem existir mais no futuro.

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