Ser investidor anjo de startups requer habilidade para avaliar se um novo negócio tem potencial para decolar. E essa avaliação vai bem além “de uma ideia na cabeça”, passando por indicadores precisos sobre desempenho e projeções. É o que explicou, em entrevista ao Conta+, o investidor João Kepler, diretor da Bossa Nova Investimentos, que realizou mais de 670 investimentos em startups nos últimos 4 anos.
Além de investidor, Kepler é conselheiro em diversas empresas e entidades, conferencista, apresentador e pai de empreendedores. Ele conta que, como investidor de startups, seu trabalho vai além de escolher suas apostas e direcionar os recursos. “A gente tem que cuidar das startups, não só investir. Pegar na mão e ajudar no crescimento”, afirma.
Investir ou não?
Kepler comentou os critérios que leva em consideração na hora de avaliar se uma startup é ou não um bom investimento. O primeiro deles é o estágio em que está o negócio e seu nível de maturidade, e se isso está de acordo com o objetivo do investimento. Também entram na conta indicadores como resultado mensal, cancelamento de clientes, custo de aquisição do cliente entre outros.
E esses critérios são os mesmos tanto em tempos de economia crescendo quanto numa crise como a que eclodiu com a pandemia do novo coronavírus. Enquanto há quem diga que o momento de dificuldade é propenso para investir em startups porque as empresas precisam de recursos, Kepler afirma que “o fundamento de investir em startup é o mesmo antes, durante e depois da pandemia. Não mudou.”
“Eu discordo dessa história de que, por conta da pandemia, virou Black Friday, ‘vamos investir porque está mais barato’. Pelo contrário, as startups cresceram muito. Tem startup nossa que triplicou o faturamento na pandemia. Por quê? Porque elas já atuavam na nova economia, com base digital, com inovação, resolvendo problemas reais”, diz Kepler.
Mesmo assim, ele ressalva que apostar em startups é um investimento arriscado, e por isso requer muita cautela. “É risco total”, alerta Kepler. “É muito complexo, principalmente se você não fizer uma análise de portfólio, investir num negócio só”, diz Kepler, recomendando ainda que o investidor nunca direcione suas reservas a esse tipo de investimento.
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