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‘Tokenização’ da economia brasileira a todo vapor: bom ou ruim?

Apesar de o presidente do Banco Central ressaltar os benefícios do real digital, há mecanismos que podem limitar a autonomia.

Criptomoedas

ARTIGO*

Os últimos anos foram marcados pela descentralização do dinheiro por meio das criptomoedas, cuja circulação cresceu independentemente de governos. De acordo com o relatório anual do CoinTrader Monitor, o Brasil registrou um crescimento de 417% no volume de negociações com criptoativos em 2021 quando comparado a 2020. 

Pelo fato de os ativos digitais serem aceitos por diversas empresas e estabelecimentos ao redor do mundo, vários países começaram a se atentar à tecnologia. Não à toa, o Banco Central do Brasil tem se movimentado para a criação do real digital (CBDC).

De certa forma, a proposta parece estar alinhada com as tendências do mercado financeiro global. Porém, é preciso questionar. Quanto esforço para criar uma moeda centralizada que está cada vez mais desvalorizada ao longo dos anos, não é?

Nem tudo são flores…

O real digital (CBDC), versão digital da moeda brasileira, deverá começar a ser testado somente em 2023, segundo o economista do Banco Central, Fábio Araújo. Porém, o problema começa a surgir quando entendemos melhor a proposta do mecanismo de seu funcionamento

Apesar de parecer, o real digital não deve ser uma criptomoeda pois, diferentemente do bitcoin (BTC) ou ethereum (ETH), será um ativo totalmente centralizado. Seu objetivo será exatamente o mesmo do dinheiro em espécie que uma pessoa possui na carteira física. Ou seja, o CDBC será  “garantido” e regulado pelo próprio governo.

Para utilizar o CBDC, será necessário obter uma carteira virtual de um agente autorizado do Banco Central, como bancos ou instituições financeiras. Por saber exatamente quem, quanto possui e por estar ciente de qualquer transação monetária, feita via transferência entre as carteiras mencionadas, o governo terá o poder de tributar e redistribuir saldos quando quiser.

Piorando a situação, a falsa ilusão de liberdade dada aos brasileiros com a “modernização da economia” contará com um mecanismo de travas a saques para impedir corridas bancárias. Ou seja, se o Banco Central decidir, existe o risco de você não conseguir sacar seu dinheiro físico.

Além disso, como o real digital deve nascer com paridade com o real físico, seu poder de compra será igual. Desse modo, a população continuará sendo exposta a uma moeda que, desde o seu lançamento até maio de 2022, acumula perda real (descontada a inflação) de 636,74% em percentual de valor correspondente desde o início do Plano Real.

O CBDC será realmente ótimo — mas não para cidadãos comuns. Ele vai tirar autonomia das pessoas, que estarão facilmente sujeitas a confisco e censura.

*Mayara é co-autora do livro “Trends – Mkt na Era Digital”, publicado pela editora editora Gente. Multidisciplinar, apaixonada por tecnologia, inovação, negócios e comportamento humano.

*As informações, análises e opiniões contidas neste artigo são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews.

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