As ações da Natura&Co acumulam alta de quase 16% em setembro, ajudada por expectativa do mercado com relação a uma reestruturação envolvendo os negócios da empresa: Avon, Aesop, The Body Shop e Natura. O Ibovespa tem avanço de 0,4% no mês.
Fábio Barbosa, ex-presidente do Santander Brasil e do Grupo Abril, foi anunciado em junho como novo presidente-executivo da companhia. Desde então, a Natura&Co vem falando em reorganizar suas operações para dar mais autonomia às unidades de negócio, deixar sua estrutura mais leve e potencialmente sair de mercados menos rentáveis.
A empresa observou nesta quinta-feira que a Avon é gerida na região da América Latina em conjunto com as marcas Natura, The Body Shop e Aesop pela unidade de negócio Natura&Co Latam, e disse que “o processo interno de integração das operações na Natura&Co Latam continua sendo conduzido e acelerado para maior geração de valor.”
Comentando potenciais movimentos a serem realizados pela Natura&Co em meio à reestruturação em curso, analistas da XP disseram em relatório na véspera que uma combinação entre as operações latino-americanas das marcas Natura e Avon era uma das medidas mais prováveis a serem tomadas.
Eles também escreveram que não viam o “timing” como ideal para a cisão da Aesop, enquanto uma potencial venda da The Body Shop reduziria a complexidade da holding.
A Natura&Co disse que o foco da australiana Aesop, marca de produtos para pele e cabelo, segue em iniciativas para acelerar o crescimento, enquanto os esforços da marca inglesa de cosméticos e perfumes The Body Shop estão voltados para perseguir maior eficiência e melhorias em geração de caixa e rentabilidade.
A Natura&Co ainda disse que avalia constantemente alternativas estratégicas para criação de valor e reiterou que não descarta revisar seus modelos de operação ou sua presença em mercados.
2 – Leilão de energia cancelado não preocupa ONS
O cancelamento do leilão que seria realizado neste ano para contratar mais potência ao setor elétrico brasileiro não traz problemas ao atendimento dos consumidores no curto e médio prazo, segundo o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Carlos Ciocchi.
Para ele, embora o órgão tenha identificado um déficit de potência para daqui cinco anos, o governo pode esperar até o próximo ano para realizar esse certame de forma mais “robusta” e eventualmente sob novas diretrizes.
“Ele (o leilão) vai ser feito obviamente no futuro, ano que vem, com outros estudos e datas, para que a gente possa fazer a coisa com mais tranquilidade”, disse Ciocchi a jornalistas em São Paulo, após participação em evento da Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen).
O Ministério de Minas e Energia anunciou na véspera o cancelamento de três leilões de energia que estavam previstos para este ano. No caso do leilão de potência, a justificativa foi de que a pasta está estudando uma forma de viabilizar um certame pautado pela “neutralidade tecnológica” –isto é, que permita a concorrência de diferentes fontes de geração de energia.
“Há oportunidade de aproveitar todos os aprendizados do ano passado e de lá fora para fazer um leilão mais robusto”, disse o diretor do ONS, exemplificando com novos mecanismos e tecnologias do setor elétrico, como geração distribuída, armazenamento e resposta da demanda.
Ciocchi comentou ainda que o ONS está concluindo estudos solicitados pelo governo sobre o retorno do horário de verão, e que um diagnóstico deverá ser apresentado na próxima reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), que está prevista para 5 de outubro.
Criado com o objetivo de reduzir o consumo de energia elétrica em momentos de pico, o horário de verão acabou sendo suspenso pelo governo Bolsonaro em 2019, sob a justificativa de que tinha deixado de produzir resultados do ponto de vista do setor elétrico.
3 – BC: sem prazo para 2ª fase do sistema de ‘dinheiro esquecido’
Marcada para começar no dia 2 de maio, a segunda fase de consultas do Sistema de Valores a Receber (SVR), programa do Banco Central para saque de dinheiro “esquecido” em bancos, continua sem previsão de data para início. Segundo o BC, a segunda etapa vai disponibilizar R$ 4,1 bilhões a milhões de pessoas físicas e jurídicas de todo o País.
Na primeira fase, encerrada em abril, foram liberados R$ 3,9 bilhões, mas apenas 8% (R$ 321 milhões) foram solicitados – R$ 306 milhões por pessoas físicas e R$ 15 milhões por empresas. Foram 3,6 milhões de pessoas físicas e 19 mil de pessoas jurídicas.
Inicialmente, o Banco Central informou que a segunda etapa foi adiada por causa da greve de servidores da instituição, que reivindicavam reajuste salarial e reestruturação de carreira. A paralisação, porém, foi encerrada em julho, depois de três meses. Nesta semana, os servidores do BC voltaram a reivindicar a reestruturação e fizeram dois atos virtuais.
Procurado, o Banco Central afirmou que ainda não há data prevista para o início da segunda fase. “O cronograma, a estimativa de valores e as demais informações sobre a nova etapa do SVR serão divulgados oportunamente, com a devida antecedência”, disse em nota o BC. “As equipes técnicas do BC estão promovendo melhorias no sistema.”
4 – Maioria do STF mantém suspensão de piso da enfermagem
A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) votou na quinta (15) para manter a decisão do ministro Luís Roberto Barroso que suspendeu o piso salarial da enfermagem. O julgamento virtual continua para a tomada dos demais votos.
Com o voto do ministro Gilmar Mendes, foi formada a maioria (6 votos a 3) pela suspensão. Faltam os votos de Luiz Fux e da presidente, Rosa Weber. O julgamento virtual começou na sexta-feira (9) e será finalizado amanhã (16).
No dia 4 de setembro, Barroso atendeu pedido de liminar feito pela Confederação Nacional de Saúde, Hospitais e Estabelecimentos e Serviços (CNSaúde) e concedeu prazo de 60 dias para que os envolvidos na questão possam encontrar soluções para garantir o pagamento.
Após a decisão, caso foi levado à referendo dos demais ministros da Corte no plenário virtual, modalidade de votação na qual os votos são inseridos em um sistema eletrônico e não há deliberação presencial.
Além de Barroso, os ministros Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia, Alexandre de Moraes, Dias Toffoli e Gilmar Mendes votaram para manter a suspensão.
Os ministros Nunes Marques, André Mendonça e Edson Fachin foram a favor da derrubada da liminar.
Sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro, a Lei 14.434/2022 instituiu o piso salarial nacional para enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem e parteiras. Para enfermeiros, o piso previsto é de R$ 4.750. Para técnicos, o valor corresponde a 70% do piso, enquanto auxiliares e parteiras terão direito a 50%.
Na semana passada, Barroso afirmou que a decisão foi tomada porque é preciso uma fonte de recursos para viabilizar o pagamento do piso salarial. O ministro disse que é favor do piso salarial da enfermagem, mas aceitou a suspensão diante do risco de descumprimento imediato da lei.
Segundo o ministro, hospitais particulares estavam realizando demissões por antecipação. Além disso, obras sociais, santas casas e prefeituras relataram que não têm recursos para fazer o pagamento do piso.
O ministro Luiz Fux também votou para manter a suspensão do piso da enfermagem. O placar está 7 x 3 pela suspensão. Falta o voto da presidente, Rosa Weber.
5 – Minério de ferro cai após salto nos estoques chineses de aço
O minério de ferro encerrou a semana em forte queda após um salto nos estoques de aço chineses em plena alta temporada de construção no país.
O ingrediente siderúrgico voltou a ser negociado abaixo de US$ 100 a tonelada em Singapura, com tombo de 5% na semana, mesmo após já terem transcorrido duas semanas dos dois meses de pico de demanda no país.
Os preços já caíram mais de 40% desde a máxima de março. Quem apostou que o mercado de minério sairia do buraco nos meses de setembro e outubro, quando normalmente a construção e vendas de imóveis se aquecem na China, agora se depara com dados que mostram que os preços de imóveis caíram pelo 12° mês consecutivo em agosto, e a queda se acelerou.
Um salto nos estoques de aço também mina as esperanças de uma melhora da demanda. Eles aumentaram 7% no início de setembro em relação ao final de agosto, e estão 51% acima dos níveis do início do ano, segundo dados da Associação de Ferro e Aço da China.
Com o consumo fraco, as siderúrgicas estão reduzindo os embarques “para evitar desequilíbrio de oferta e demanda”, disse a Kallanish Commodities. As usinas também enfrentam pressões de custo.
“A produção de aço aumentou em setembro, mas permanece bem abaixo dos níveis normais”, disseram analistas do Australia & New Zealand Banking Group. “Qualquer sinal de que a atividade continua deprimida pode renovar a pressão.”
Apesar disso, a Vale, segunda maior produtora mundial de minério de ferro, disse acreditar que, com o setor enfrentando dificuldades de oferta, o mercado “só pode melhorar”.
O minério caiu até 3.2%, para US$ 97.50 a tonelada, na sexta-feira em Singapu
*Com Reuters, Estadão Conteúdo, Bloomberg e Agência Brasil