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Economia

Arcabouço fiscal é boa indicação de direção certa, diz Campos Neto

Presidente do BC disse que medida “ajuda”, mas ressaltou que não há relação mecânica com decisão sobre Selic.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, avaliou nesta quarta-feira (19) que o projeto de novo arcabouço fiscal enviado na terça-feira (18) pelo governo ao Congresso como positivo, mas lembrou que não há relação mecânica entre as medidas fiscais e a condução da política monetária (incluindo decisões sobre a Selic), que depende da evolução das expectativas de inflação.

A fala foi feita em participação em reunião com investidores em Londres, organizada pelo European Economics & Financial Centre (EEFC).

“Parece (o projeto) mais ou menos em linha com o que vimos antes. É uma boa indicação de que estamos avançando na direção certa. O arcabouço tira um pouco do risco de cauda sobre um aumento da dívida rapidamente”.

presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto

Campos Neto ainda destacou que é necessário ver as expectativas de inflação melhorando. “Eventualmente, as expectativas de inflação vão melhorar.”

O presidente do Banco Central ponderou que é preciso acompanhar a tramitação da proposta do novo arcabouço fiscal. “Há incerteza sobre como será aprovado e em qual velocidade”, disse.

Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. REUTERS/Adriano Machado

Ele ainda voltou a dizer que não há relação mecânica entre o projeto e a política monetária, mas que é uma “grande contribuição”, assim como outras reformas seriam um sinal positivo, como a tributária. “Qualquer coisa que melhora o canal de expectativas, nos ajuda.”

O presidente do BC ainda disse que, quanto mais o fiscal e a política monetária estiverem na mesma direção, mais o canal de expectativas funciona.

Expectativas para a inflação

Campos Neto reforçou que o índice geral de inflação no Brasil tem diminuído e deve alcançar o piso em junho, voltando a acelerar depois, terminando o ano em torno de 6%. Mas ressaltou que os núcleos de inflação seguem resilientes, indicando que o BC precisa persistir na estratégia de política monetária.

“Trabalho não está feito ainda em inflação e precisamos ser persistentes.”

presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto

Campos Neto considerou que as projeções de inflação para os próximos anos estão melhores do que para 2023, mas ainda estão longe das metas.

O presidente do BC lembrou que as expectativas de mercado subiram bastante desde dezembro, com ruídos da mudança do governo, questões fiscais e o debate patrocinado pelo Palácio do Planalto sobre as mudanças de metas de inflação.

Análise sobre recente crise bancária nos EUA

Campos Neto afirmou ainda que a recente crise bancária nos diz que teremos uma figura diferente no sistema bancário no futuro.

Ele destacou que olhando os acontecimentos nos Estados Unidos é possível ver, entre outros pontos, uma grande movimentação nas redes sociais sobre a questão e relacioná-la com a velocidade do evento, além de transferências de dinheiro para fundos e não outros bancos.

O presidente do BC acrescentou que, em sua análise, a redução do custo de transferências de dinheiro tem mudado o cenário para os bancos.

“Se não fosse a ação rápida do Fed, poderia ter se tornado sistêmico”, pontuou Campos Neto. “Ensina uma lição que eventos, mesmo em bancos pequenos, têm potencial para se tornarem sistêmicos.”

Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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