Economia

5 fraudes financeiras que você deve conhecer para se proteger

Se parece bom demais para ser verdade, talvez não seja: conheça os principais golpes contra o seu dinheiro.

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Promessas de ganho fácil estão por toda parte, mas quase sempre não passam de uma “isca” para fisgar os desavisados. Depois de ler este texto, você ficará bem mais cético ao receber uma oferta de rentabilidade milagrosa ou esquemas que parecem distribuir dinheiro de graça.

Afinal, como identificar uma fraude financeira? Como agem os criminosos e como saber se proteger? Conheça a seguir os cinco golpes financeiros mais comuns:

1 – Pirâmides financeiras

O marketing multinível, atualização das pirâmides financeiras, é um dos golpes mais antigos e, por isso, relativamente conhecido pelas pessoas. Desde a década de 1920, quando o imigrante italiano Charles Ponzi criou um esquema piramidal envolvendo selos postais, estudiosos têm se debruçado sobre o tema. Então, vale questionar se o conceito de pirâmide, de remunerar velhos investidores com o investimento de novos, não escapa para outras esferas da economia.

O professor da Faculdade de Ciências Aplicadas da Unicamp, Paulo Van Noije, fez sua tese de doutorado com esse intuito, intitulada “A realização econômica no capitalismo como uma grande pirâmide financeira: o papel do crédito”. Segundo ele, o que se entende por “realização econômica” é em termos microeconômicos, “quando você produz algo e vende isso com lucro”. A partir daí, cabe a pergunta: se todas as empresas almejam a realização, o que será que está acontecendo para que nem tudo o que é produzido seja consumido? 

Noije também observa outros problemas lógicos, como o fato de a produção distribuir um poder de compra menor que o preço de oferta agregada, por conta do lucro. Ou seja, o que permite a equalização entre o preço do lado do produtor e o poder de compra, do lado do consumidor?

“Existem algumas explicações, e uma delas é o crédito”, afirma Noije. “Em alguns momentos, alguns agentes estão fazendo o oposto, gastando mais do que, vamos dizer assim, retirando do sistema.”

É como se olhássemos o crédito como aquele novo investidor que vai entrar na base da pirâmide para lubrificar o esquema inteiro. Assim, fica claro o paralelo que pode ser feito entre bolhas financeiras e pirâmides, o que nos leva a outro item da lista.

2 – Profissional de investimentos fake

Como as pirâmides, esse tipo de esquema é mais difícil de ser detectado, à medida que se aproxima de eventos naturais do mercado. Tanto existem bolhas e pirâmides, como existem profissionais especializados em recomendações para estrs esquemas fraudulentos.

A sugestão da ANBIMA, entidade do mercado de capitais, é consultar os órgãos oficiais para fazer a distinção. A instituição da qual seu coach de investimentos faz parte é regulamentada pela CVM e pelo Banco Central? Ele tem certificado da Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias (ANCORD)? Já pesquisou se ele tem bom histórico no mercado?

Fora isso, vamos pensar mais na macroeconomia. Uma das preocupações de Noije, por exemplo, está na recuperação da B3 depois dos seis circuit breakers que introduziram a pandemia no cenário brasileiro. “Subir mais de 60% em dois ou três meses é muita coisa, mesmo com a taxa de juros em baixa.”

Para ele, nesse momento de “saldão” na bolsa de valores, “parece que as pessoas querem se aproveitar.” “Quando abro o YouTube, tenho a sensação de que querem vender a ideia de ser fácil ganhar dinheiro na bolsa, da mesma forma que uma pirâmide financeira só existe porque algumas pessoas se convencem de que ganharão dinheiro rapidamente e com pouco esforço.” Concluindo, Noije teme que algo similar possa acontecer na bolsa, caso as pessoas não se informem adequadamente.

3 – Clonagem de cartão

Segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA), a clonagem de cartões é uma das piores situações, “pois a vítima nem aceitou sua participação” no esquema fraudeulento.

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Por um tempo, a maior preocupação eram as maquininhas adulteradas de estabelecimentos fraudulentos, que continham um acessório interno capaz de ler a fita magnética do cartão e armazenar suas informações, inclusive com a senha cadastrada. Com esses dados, os golpistas estavam livres para fazer compras, geralmente de produtos digitais, mais difíceis de serem rastreados.

Outra forma de sequestrar seus dados é perguntar diretamente a você. Por isso, tome cuidado ao fazer compras online, certifique-se que o site é confiável. Além disso, não ofereça seus dados por ligações telefônicas, mesmo a pretexto de confirmação da sua identidade.

A tecnologia tem evoluído para impedir a ação dos golpistas. Com a popularização das empresas de maquininhas, a modernização teve que acompanhá-la, ao ponto de chegarmos na utilização do NFC nos cartões. A sigla significa Near Field Communication (Comunicação de Campo Próximo, em inglês), tecnologia vista primeiro nos celulares, mas que agora permite o pagamento, segundo a legislação brasileira, de compras de até R$ 50 por aproximação.

Preferindo esse método de pagando, você poderá desviar dos esquemas que dependem da adulteração das maquininhas. Mas a ANBIMA ainda aconselha a consultar diariamente seu extrato para não deixar nada escapar, e perceber o problema o quanto antes. Segundo pesquisa da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), pelo menos 3,65 milhões de brasileiros tiveram seu cartão de crédito clonado entre março de 2018 e março de 2019, então vale a pena ficar atento.

4 – Certas transações com criptomoedas

Quando ainda eram uma novidade, todo tipo de analista apostava que as criptomoedas iriam ameaçar o futuro dos bancos centrais e as estruturas monetárias como conhecemos hoje. Mas com o passar do tempo e sua popularização, o mercado de criptomoedas, por sua própria natureza marginal — circulando muitas vezes nos pagamentos do mercado paralelo — foi se enchendo de especuladores.

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“É importante que você não se deixe levar por propostas fantasiosas, oferecendo alta rentabilidade diária sem nenhum risco de investimento”, alerta a ANBIMA. Para quem realmente quer investir em cripto, é preciso pesquisar bem o tema, e mais importante: escolher uma corretora com boa reputação, tempo de mercado e devidamente credenciada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Uma pesquisa da CipherTrace, companhia de cybersegurança especializada em criptomoedas, mostrou que somando-se hacks, fraudes e roubos, nos cinco primeiros meses deste ano, o mercado perdeu cerca de US$ 1,4 bilhão. O ano de 2020 pode ser o segundo com mais crimes envolvendo criptomoedas já registrado.

5 – Mercado Forex

Forex é um apelido para Foreign Exchange Market, mercado de câmbio descentralizado, onde é possível fazer ofertas e vender todo tipo de moeda do mundo. Se você nunca ouviu falar, vale a pena pelo menos pesquisar um pouco, já que esse é o maior mercado financeiro do mundo. Segundo o Bank for International Settlements (BIS) o volume médio das transações diárias no Forex era de US$ 6,6 trilhões, com o adendo de que não existe fechamento, as operações acontecem 24 horas por dia.

Os números são impressionantes, o que atiça a má fé dos aproveitadores. “Basicamente, algumas plataformas aproveitam da tecnologia e da sede por retornos imediatos para transformar essas operações em algo tão aleatório e não técnico quanto um cassino”, avisa a ANBIMA.

O golpista se concentram desse vez nos softwares que deveriam fazer as operações, e as inimagináveis opções desse mercado ajudam a acorbertar o esquema. Muitas vezes os aplicativos simulam a realidade por meio de uma programação prévia, fazendo com que o investidor se sinta ganhando grande, enquanto tem perdas recorrentes menos perceptíveis. Como em um casino a casa sempre sai ganhando.

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