O Banco Central divulgou nesta quinta-feira (02) carta aberta explicando a inflação acima do limite superior do intervalo de tolerância da meta no ano de 2022.
O documento ressaltou que em 2022, a taxa de inflação, medida pela variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), alcançou 5,79%, acima do limite superior do intervalo de tolerância de 1,50 ponto percentual em torno da meta de 3,50% ao ano, estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Entre os principais fatores que levaram a inflação em 2022 a ultrapassar o limite, apontou a carta, estão a inércia da inflação do ano anterior; elevação dos preços de commodities, em especial do petróleo; desequilíbrios entre demanda e oferta de insumos e gargalos nas cadeias produtivas globais; choques em preços de alimentação, resultantes de questões climáticas; e retomada na demanda de serviços e no emprego, impulsionada pelo acentuado declínio da quantidade de casos de covid-19 e consequente aumento da mobilidade.
Por outro lado, o documento apontou que vários fatores agiram no sentido contrário, reduzindo o desvio da inflação em relação à meta: redução na tributação sobre combustíveis, energia elétrica e telecomunicações; comportamento da bandeira de energia elétrica, que passou de escassez hídrica para bandeira verde; apreciação cambial e hiato do produto no campo negativo.
“Nesse sentido, ressalta-se o papel do aperto da política monetária para a contenção da inflação. A política monetária, que, em 2021 já havia passado do estímulo extraordinariamente elevado para o território contracionista, avançou substancialmente no terreno contracionista em 2022”, apontou o documento.
O documento reitera que a sistemática de “metas para a inflação” foi instituída como diretriz para fixação do regime de política monetária por meio do Decreto 3.088, de 21 de junho de 1999.
O parágrafo único do artigo 4º do referido decreto estabelece que, caso a inflação fique fora do intervalo de tolerância da meta em determinado ano-calendário, o Presidente do Banco Central do Brasil divulgará publicamente as razões do descumprimento, por meio de carta aberta ao Ministro de Estado da Fazenda.
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