No emaranhado de números mais fracos referentes ao PIB do segundo trimestre, um setor nada sexy acabou se destacando: a indústria extrativa. É aí que estão reunidas as indústrias de petróleo, gás natural e mineração – que contempla desde minério de ferro até os metais preciosos. Estamos falando, portanto, de um setor onde atuam gigantes como Petrobras e Vale. E que cresceu 5,4% na comparação com o primeiro trimestre – o melhor resultado para esse segmento em quatro anos.

O PIB todo, nesse período, cresceu 0,4%. Uma desaceleração relevante se comparado ao desempenho do primeiro trimestre, quando o crescimento havia sido de 1,3%. Muito desse enfraquecimento tem a ver com a taxa de juros, que há mais de três anos é contabilizada em dois dígitos.

Mas no setor de extrativa, os juros não fizeram muita diferença. Foi graças a esse setor que a indústria no Brasil conseguiu mostrar um avanço de 0,5% no período. É que todos os outros setores que compõem essa indústria mostraram retração: o setor de transformação recuou 0,5%, construção civil teve queda de 0,2%, e eletricidade, gás água e esgoto caíram 2,7%.

O desempenho positivo da indústria extrativa reflete sobretudo o avanço da produção de petróleo e gás natural no pré-sal, que segue em expansão e tem sustentado recordes. E, claro, isso tem tudo a ver com o bom resultado operacional apresentado pela Petrobras no trimestre, quando a  produção de óleo alcançou 2,32 milhões de barris por dia, um aumento de 5% em relação à do trimestre anterior.

A recuperação dos embarques de minério de ferro, liderada pela Vale, também contribuiu. Nesse caso, o é a China o motor para esse resultado. Além disso, outros metais como ouro, prata e cobre vêm sentido os efeitos do aumento da demanda global. Foi nesse contexto que a prata ultrapassou US$ 40 a onça pela primeira vez desde 2011, e o ouro se aproximou de uma máxima histórica.

Riscos à frente

O problema é que alguns dos motivos pelos quais esse setor teve um bom desempenho podem não durar muito tempo. O preço das commodities, especialmente do petróleo e do minério de ferro, tendem a ser impactado num cenário de economia mais frágil. E são esses preços que devem dar a direção para a estratégia de produção das companhias.

Na verdade, esse efeito já começou: o petróleo tipo Brent é negociado hoje abaixo de US$ 70,00 e acumula uma queda de quase 8%. Já o minério de ferro tem alta de quase 4%, mas as previsões dos analistas é de que o preço caia dos atuais US$ 100 por tonelada para baixo de US$ 90,00.

O Departamento de Energia dos EUA (DoE) também reduziu a previsão para o preço médio do petróleo tipo Brent em 2025. Isso por causa da menor demanda global e apesar dos impactos de conflitos geopolíticos.