Definir o que é exatamente uma recessão e prever quando ela ocorrerá não é uma tarefa simples.

Tecnicamente, recessão é um período de queda significativa da atividade econômica, geralmente caracterizado por dois trimestres consecutivos de redução do Produto Interno Bruto (PIB), acompanhado de aumento do desemprego, queda da renda e redução da produção.

Essa complexidade torna difícil prever com exatidão quando a recessão começa ou termina, pois diferentes indicadores precisam ser analisados em conjunto.

O que é uma recessão?

Uma recessão é frequentemente definida como dois trimestres consecutivos em que a economia encolhe em vez de crescer, mas com muitas ressalvas.

Nos EUA, a definição oficial de recessão é dada por um painel de economistas convocado pelo Escritório Nacional de Pesquisa Econômica (NBER), que só costuma anunciar o início ou fim da recessão até um ano ou mais após os fatos.

O NBER entende recessão como um “declínio significativo na atividade econômica que se espalha por toda a economia e dura mais do que alguns meses”.

Para essa definição, o grupo avalia três critérios principais: profundidade, abrangência e duração. Embora cada critério precise ser atendido até certo ponto, condições extremas em um deles podem compensar fraquezas em outro, conforme explica o próprio NBER.

O que é a regra de Sahm?

Existem outras abordagens para definir uma recessão, incluindo a regra de Sahm, baseada no emprego, cujo nome é uma homenagem à ex-economista do Fed Claudia Sahm, que a criou para sinalizar o início da recessão mais rapidamente.

A regra afirma que quando a média móvel de três meses da taxa de desemprego sobe 0,50 ponto percentual de sua mínima, a economia entrou em recessão.

O que é uma ‘recessão rasa’?

As recessões vêm em muitas formas. Elas podem ser profundas, mas breves — como a recessão pandêmica que durou dois meses, mas pulverizou 22 milhões de empregos e elevou a taxa de desocupação brevemente para 14,7%.

Podem ser profundas e marcantes — como a Grande Recessão ou a Depressão, levando uma década ou mais para o mercado de trabalho reviver.

Economistas e analistas recentemente sinalizaram a possibilidade de que os Estados Unidos estejam caminhando para uma “recessão rasa”, na qual a economia se contrai apenas marginalmente e por um período limitado.

O que é uma recessão de crescimento?

Outra ideia discutida por alguns economistas e analistas é a noção de uma “recessão de crescimento”, na qual o crescimento econômico desacelera abaixo da tendência de crescimento de longo prazo dos EUA de 1,5 a 2 pontos percentuais ao ano, mas não se contrai, enquanto o desemprego aumenta. Este é o cenário mapeado por alguns formuladores de política monetária do Fed em suas previsões nesta semana.

Qual a relação entre curva de rendimento invertida e recessão?

Quando a taxa de mercado para empréstimos de curto prazo excede a de empréstimos de longo prazo ocorre a inversão da curva de rendimentos, vista como um prenúncio de recessão.

Historicamente, pelo menos uma parte da curva de juros se inverteu antes de cada recessão recente, e os alarmes começaram a soar quando isso aconteceu em 13 de junho.

Pesquisas do Federal Reserve argumentam que a medida de curva de rendimentos mais amplamente seguida – a diferença entre as taxas das notas do Tesouro de dois e de dez anos — na verdade não prevê muita coisa. Uma medida melhor é o spread entre as taxas de três e 18 meses, que não se inverteu.

Qual a ligação entre o mercado em baixa e a recessão?

A queda acentuada de ações também dispara alarmes. Nove dos 12 mercados em baixa (“bear markets”), ou quedas de mais de 20%, que ocorreram desde 1948 foram acompanhadas por recessões, de acordo com a empresa de pesquisa de investimentos CFRA.