Se os Estados Unidos, a maior economia do mundo, entrarão em recessão é uma preocupação crescente para os principais executivos, o Federal Reserve (Fed), banco central do país, e o governo do presidente Joe Biden.
Mas definir o que é uma recessão e prever quando ela acontecerá não é simples.
O que é uma recessão?
Uma recessão é frequentemente definida como dois trimestres consecutivos em que a economia encolhe em vez de crescer, mas com muitas ressalvas.
A recessão da pandemia de covid-19 durou apenas dois meses, por exemplo, o ciclo mais curto já registrado.
Nos EUA, a palavra oficial é de um painel de economistas convocado pelo Escritório Nacional de Pesquisa Econômica, às vezes até um ano ou mais após o fato.
O grupo de pesquisa privado sem fins lucrativos define recessão como um “declínio significativo na atividade econômica que se espalha por toda a economia e que dura mais do que alguns meses”.
Embora cada um dos três critérios – profundidade, difusão e duração – “precise ser cumprido individualmente até certo ponto, as condições extremas reveladas por um critério podem compensar parcialmente as indicações mais fracas de outro”, diz o grupo.
O que é a regra de Sahm?
Existem outras abordagens para definir uma recessão, incluindo a regra de Sahm, baseada no emprego, cujo nome é uma homenagem à ex-economista do Fed Claudia Sahm, que a criou para sinalizar o início da recessão mais rapidamente.
A regra afirma que quando a média móvel de três meses da taxa de desemprego sobe 0,50 ponto percentual de sua mínima, a economia entrou em recessão.
O que é uma ‘recessão rasa’?
As recessões vêm em muitas formas. Elas podem ser profundas, mas breves – como a recessão pandêmica que durou dois meses, mas pulverizou 22 milhões de empregos e elevou a taxa de desocupação brevemente para 14,7%.
Podem ser profundas e marcantes – como a Grande Recessão ou a Depressão, levando uma década ou mais para o mercado de trabalho reviver.
Economistas e analistas recentemente sinalizaram a possibilidade de que os Estados Unidos estejam caminhando para uma “recessão rasa”, na qual a economia se contrai apenas marginalmente e por um período limitado.
O que é uma recessão de crescimento?
Outra ideia discutida por alguns economistas e analistas é a noção de uma “recessão de crescimento”, na qual o crescimento econômico desacelera abaixo da tendência de crescimento de longo prazo dos EUA de 1,5 a 2 pontos percentuais ao ano, mas não se contrai, enquanto o desemprego aumenta. Este é o cenário mapeado por alguns formuladores de política monetária do Fed em suas previsões nesta semana.
Qual a relação entre curva de rendimento invertida e recessão?
Quando a taxa de mercado para empréstimos de curto prazo excede a de empréstimos de longo prazo ocorre a inversão da curva de rendimentos, vista como um prenúncio de recessão.
Historicamente, pelo menos uma parte da curva de juros se inverteu antes de cada recessão recente, e os alarmes começaram a soar quando isso aconteceu em 13 de junho.
Pesquisas do Federal Reserve argumentam que a medida de curva de rendimentos mais amplamente seguida – a diferença entre as taxas das notas do Tesouro de dois e de dez anos – na verdade não prevê muita coisa. Uma medida melhor é o spread entre as taxas de três e 18 meses, que não se inverteu.
Qual a ligação entre o mercado em baixa e a recessão?
A recente queda acentuada de ações também disparou alarmes. Nove dos 12 mercados em baixa (“bear markets”), ou quedas de mais de 20%, que ocorreram desde 1948 foram acompanhadas por recessões, de acordo com a empresa de pesquisa de investimentos CFRA.
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