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Finanças

Ibovespa fecha abaixo de 100 mil pontos pela 1ª vez desde novembro de 2020

Dólar disparou a R$ 5,14; dia teve alta nos combustíveis, queda em Wall Street e preocupações com juros.

Gasolina, BC e Fed. (Fotos: Sergio Moraes/Adriano Machado/Sarah Silbiger/REUTERS)
Gasolina, BC e Fed. (Fotos: Sergio Moraes/Adriano Machado/Sarah Silbiger/REUTERS)

O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, reduziu as perdas no final do pregão, mas sem evitar a forte desvalorização nesta sexta-feira (17), fechando abaixo dos 100 mil pontos pela primeira vez desde novembro de 2020. Já o dólar disparou, repercutindo os ajustes nas taxas de juros no Brasil e nos Estados Unidos, com receio de que o aumento possa gerar recessão. O dia também foi marcado por novos reajustes no preço dos combustíveis.

O Ibovespa recuou 2,90%, aos 99.825 pontos. Na mínima do dia, chegou a cair para 98.402, uma queda de 4,28%. O índice não fechava abaixo dos 100 mil pontos desde o dia 4 de novembro de 2020, quando encerrou aos 97.866 pontos. Na semana, recuou 5,36% e no mês, 10,35%.

Já o dólar avançou 2,32%, negociado a R$ 5,1432. A moeda chegou a subir para R$ 5,1493 na máxima do dia. Na semana, a moeda acumulou valorização de 2,90%, e avançava 5,91% frente ao real em junho.

Volta do feriado x movimento nos EUA

O Ibovespa recuou na volta do feriado, após os negócios terem ficado fechados na quinta-feira (16) por conta do dia do Corpus Christi. A queda no mercado brasileiro acompanha o pregão dos Estados Unidos, que voltaram a ser pressionados na quinta-feira por preocupações com os reflexos na atividade econômica decorrentes dos aumentos de juros no mundo para conter inflação.

O analista de investimentos Eduardo Perez, da NuInvest, explica que a forte pressão no mercado brasileiro nesta sexta veio dos receios após o aumento dos preços dos combustíveis, mas também a volta do feriado.

“Com certeza contribuiu. Os ADRs de empresas brasileiras caíram ontem, com destaque também para o ETF da bolsa brasileira, o EWZ,  negociado em NY, que chegou a cair 4,58% na mínima do dia e continua em queda hoje”, afirma ele, em referência sobre papéis de empresas brasileiras que são negociados nos Estados Unidos, os ADRs, além de um ETF, também do mercado norte-americano, que reflete o desempenho da bolsa do Brasil.

Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, disse à Reuters que a movimentação desta sexta-feira refletiu, em parte, a falta de negociações do dia anterior, quando agentes financeiros de todo o mundo se desfizeram de ativos arriscados, como ações, depois da decisão do Federal Reserve (Fed) de elevar os juros nos Estados Unidos no ritmo mais intenso desde 1994, em 0,75 ponto percentual.

Juros nos EUA preocupam

Mercados precificam alta de juros agressiva de 0,75 p.p. pelo Fed nesta 4ª
Nuvens sobre a sede do Federal Reserve, banco central dos EUA, em Washington 26/05/2017 REUTERS/Kevin Lamarque

Em meio ao aumento dos juros, algumas instituições financeiras apontavam os riscos de uma recessão nos Estados Unidos como possível fator negativo para o desempenho dos mercados. Juros mais altos em outras economias, como a Europa, também preocuparam.

“O principal fator é o risco de uma recessão global estar se tornando cada vez mais real e que, apesar dos Bancos Centrais estarem buscando um pouso suave da economia face juros subindo e inflação elevada, o mercado começa a fazer conta de que esse será o cenário mais provável, e já começa a antecipar esse movimento”, diz Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações de renda variável da Ação Brasil.

“Os mercados não vão se estabilizar até que haja uma sensação de que as medidas do Fed e de outros bancos centrais serão bem-sucedidas não apenas em conter a inflação, mas em tentar evitar uma recessão global”, disse Kenny Polcari, sócio-gerente da Kace Capital Advisors.

Rafael Marques, CEO da Philos Invest, aponta que o principal receio é até onde os juros podem continuar subindo. “A inflação segue como o principal tema no mundo inteiro. Os bancos centrais estão fazendo um movimento de elevação de taxas de juros para conter esse ambiente inflacionário.”

“O que acontece num momento como este é que a expectativa do ciclo de juros ficam mais longas. Pode ser que a gente tenha juro final maior do que o esperado pelo mercado. Se isso acontece, principalmente na taxa de juro americana, que serve como um balizador para o mundo, os outros ativos vão fazer uma correção muito forte.” 

Novo reajuste dos combustíveis

Alívio de combustíveis leva IGP-M a desacelerar alta a 0,52% em maio, diz FGV
Frentista abastece carro em posto de gasolina em Brasília 07/03/2022 REUTERS/Adriano Machado

Petrobras (PETR3; PETR4) anunciou nesta sexta um novo aumento dos preços médios de venda da gasolina e do diesel para as distribuidoras, valendo a partir deste sábado (18).

A decisão vem após uma reunião de emergência do conselho da estatal que deu sinal verde aos reajustes. No caso da gasolina, o reajuste foi de 5,18%, com os valores por litro passando de R$ 3,86 para R$ 4,06. Já para o diesel, o reajuste anunciado foi de 14,26%, com o preço médio do litro passando de R$ 4,91 para R$ 5,61.

O reajuste gera preocupações em relação aos impactos sobre a inflação, que podem pressionar ainda mais os juros.

As ações preferenciais da Petrobras despencaram 6,09% no fechamento, a R$ 27,31%.

“A gente teve uma aceleração da queda da bolsa por conta da Petrobras, dadas as falas dos presidentes do Senado e da Câmara querendo interferir na tributação da empresa”, disse Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos.

“Obviamente é difícil eles tentarem mexer na empresa, dado o processo do conselho. O conselho está muito blindado depois dos problemas que tiveram na empresa. Mas ele pode mudar tributos com relação a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, aumentar o Imposto de Renda em relação às petrolíferas, e aí, por consequência, não levaria só a Petrobras a ter problemas, como as outras empresas de petróleo aqui no país. Junto com isso, o petróleo lá fora cai forte – a tempestade perfeita.”

As ações de PetroRio (PRIO3) e 3R Petroleum (RRRP3) também tiveram forte queda nesta sexta.

O mercado repercute ainda a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que anunciou na quarta-feira (15) um aumento da Selic em 0,5 ponto percentual. Com isso, a taxa básica de juros da economia brasileira passa de 12,75% para 13,25% ao ano. 

Bolsas mundiais

Wall Street

Os mercados de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão desta sexta-feira em modesta recuperação, mas ainda sofreram seu maior declínio percentual semanal em dois anos.

O índice S&P 500 fechou em alta de 0,22%, a 3.674,84 pontos. O Dow Jones caiu 0,13%, a 29.888,78 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq Composite avançou 1,43%, a 10.798,35 pontos.

Na semana, o Dow Jones perdeu 4,79%, maior queda percentual desde outubro de 2020. O S&P 500 cedeu 5,79%, e o Nasdaq recuou 4,78%.

Europa

As ações europeias tiveram pouca alteração nesta sexta-feira, mas registraram a terceira semana consecutiva de perdas. O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em alta de 0,09%, a 403,25 pontos, mas encerrou a semana em baixa de 4,6%.

O STOXX 600 já caiu cerca de 17,3% até agora neste ano devido às preocupações com a deterioração das perspectivas econômicas e dos lucros corporativos por conta da alta dos preços e das medidas agressivas de aperto monetário (alta de juros) dos bancos centrais.

  • Em LONDRES, o índice Financial Times recuou 0,41%, a 7.016,25 pontos.
  • Em FRANKFURT, o índice DAX subiu 0,67%, a 13.126,26 pontos.
  • Em PARIS, o índice CAC-40 perdeu 0,06%, a 5.882,65 pontos.
  • Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve valorização de 0,29%, a 21.788,87 pontos.
  • Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou alta de 0,84%, a 8.145,90 pontos.
  • Em LISBOA, o índice PSI20 desvalorizou-se 0,11%, a 5.881,75 pontos.

Ásia e Pacífico

As ações da China subiram por uma terceira semana consecutiva, uma vez que os investidores começam a ver a política monetária de Pequim como suporte para as ações que se beneficiarão da reabertura econômica depois da covid e do estímulo massivo.

  • Em TÓQUIO, o índice Nikkei recuou 1,77%, a 25.963 pontos.
  • Em HONG KONG, o índice HANG SENG subiu 1,10%, a 21.075 pontos.
  • Em XANGAI, o índice SSEC ganhou 0,96%, a 3.316 pontos.
  • O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, avançou 1,39%, a 4.309 pontos.
  • Em SEUL, o índice KOSPI teve desvalorização de 0,43%, a 2.440 pontos.
  • Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou baixa de 1,25%, a 15.641 pontos.
  • Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES valorizou-se 0,02%, a 3.098 pontos.
  • Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 recuou 1,76%, a 6.474 pontos.

* Com informações da Reuters

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