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Economia

Copom anuncia decisão para Selic nesta 4ª, com mercado esperando manutenção

Dia também tem decisão do Fed, que deve elevar juros nos EUA em 0,25 ponto percentual.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anuncia nesta quarta-feira (4) sua decisão de política monetária, com o mercado esperando manutenção da taxa Selic em 13,75% ao ano pela sexta vez. 

Segundo dados da B3 sobre contratos de opção de Copom, considerando a expectativa do mercado, a probabilidade de manutenção da taxa Selic é de 96,5%. Também é vislumbrada uma possibilidade de queda de 0,25 ponto, mas a probabilidade é bem menor, de apenas 2,5%.

As expectativas para a reunião de junho também mostram maioria esperando que o cenário se mantenha, embora numa proporção menor: 82% de probabilidade de manutenção da Selic, 9,5% de queda de 0,25 ponto e 6%5 de recuo de 0,5 ponto.

Prédio do Banco Central em Brasília 29/10/2019 REUTERS/Adriano Machado

O mercado deve buscar pistas sobre os próximos passos do Banco Central no comunicado, em um cenário em que, apesar dos recentes sinais de desaceleração da inflação, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ainda não convergiu ao centro da meta de inflação. O resultado de março acumulou alta de 4,65% em 12 meses, acima da meta de 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para baixo ou para cima. 

Marianna Costa, economista-chefe do TC, comenta que os últimos dados “sugerem algum arrefecimento da dinâmica de preços”, mas não num movimento forte “o suficiente para alterar as expectativas de inflação em um prazo mais longo do que 12 meses”. 

“Nesse sentido, mantêm-se as expectativas de inflação desancoradas em relação à meta perseguida pelo BC. Dessa forma, esse é o embasamento para a manutenção dos juros estáveis”, explica ela. 

No entanto, especialistas também enxergam sinais no sentido contrário, de perspectivas de recuo mais significativo da inflação, e buscam saber de que forma isso será apresentado no cenário do BC. 

“Uma desaceleração global mais pronunciada, a queda adicional dos preços de commodities e uma redução na concessão doméstica de crédito maior do que a esperada devem ser apontados novamente como riscos de baixa”, disseram em relatório especialistas do Itaú BBA. 

Preocupação fiscal

Governo apresenta texto do arcabouço fiscal ao Congresso (Fotos: Ricardo Stuckert)
Governo apresenta texto do arcabouço fiscal ao Congresso (Fotos: Ricardo Stuckert)

Além das projeções para o comportamento da demanda do consumidor e seus impactos sobre a inflação, outro fator de risco no radar do Copom para definir a condução da política monetária é a situação fiscal. Nesse sentido, o mercado espera o comunicado para ter mais clareza sobre a avaliação do BC sobre o novo arcabouço fiscal e outras medidas propostas pelo governo. 

“Ainda que apresentação da proposta para o novo arcabouço fiscal possa contribuir para limitar incertezas e reduzir o risco fiscal estrutural, a evolução da trajetória da dívida pública ainda deve ser mencionada como risco de alta, junto com a piora das expectativas de inflação para horizontes mais longos”, disse o Itaú BBA, em relatório.

O economista-chefe da Daycoval Asset, Rafael Cardoso, opina que, “embora o governo tenha encaminhado ao Congresso Nacional a proposta do novo arcabouço fiscal, ainda há incerteza quanto à tramitação e desenho final, além disso há possibilidade de revisão da meta de inflação em junho”. 

“Sendo assim, esperamos do Copom o mesmo posicionamento das reuniões anteriores com a manutenção da taxa até a resolução destas questões e a materialização dos respectivos impactos nas expectativas de inflação”, opina ele. 

‘Super Quarta’ também tem decisão do Fed

Sede do Federal Reserve, em Washington 16/12/2015 REUTERS/Kevin Lamarque

Além do anúncio do Copom, nos Estados Unidos o Federal Reserve (Fed) anuncia a decisão para os juros do país, com a maior parte do mercado esperando um último aumento de 0,25 ponto percentual. Com isso, a taxa irá para a faixa de 5% a 5,25%, nível mais alto em quase 16 anos.

A decisão vem em meio a temores sobre uma desaceleração econômica nos Estados Unidos, na esteira das preocupações sobre o setor bancário nas últimas semanas. No entanto, a inflação segue bem acima da meta de 2% do Fed e o mercado de trabalho segue forte.

“As narrativas para a economia americana estão bastante duais. Parece haver um jogo de forças recorrente entre uma atividade forte versus a possibilidade de recessão, o que é contraditório”

analisa Jadye Lima, economista na WIT Invest

“Eu acredito, e é o que os dados mais recentes nos mostram, que a narrativa de recessão está ganhando mais espaço. Basta olharmos para as curvas de juros, o dólar e a própria performance das commodities, sem contar na quantidade de dinheiro no sistema, que evidencia uma queda considerável. Se há menos recurso no sistema, a tese de recessão também é enfatizada”, conclui Lima.

Mesmo assim, especialistas da Guide Investimentos veem poucas chances de sinais claros dos próximos passos do Fed no comunicado desta quarta.

“Se a turbulência vista no sistema bancário nos últimos meses corrobora o fim do ciclo de alta dos juros, não esperamos que o comunicado da decisão ou [Jerome] Powell em seu discurso deixem isso claro. Com uma inflação ainda muito elevada nos núcleos e mercado de trabalho aquecido, o Fed deve procurar deixar maiores graus de liberdade para suas próximas decisões, não antecipando seu próximo movimento”, disseram em relatório.

Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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