A desvalorização do minério de ferro se acentua, com os futuros em Singapura no menor nível em quase um ano, em meio à percepção de que a crise no setor imobiliário da China deve frear a demanda até 2023.
Anos depois de o presidente Xi Jinping dizer pela primeira vez que “as casas são para morar, não para especular”, o apetite da China por aço tem diminuído diante da desaceleração da atividade de construção. O minério de ferro, usado na produção de aço, acumula queda superior a 45% em relação ao pico de março.
As esperanças de que o congresso do Partido Comunista traria uma flexibilização da principal política de Xi para reduzir o endividamento no mercado imobiliário desapareceram. É um mau sinal para a atividade de construção e para o minério de ferro, cujo preço pode cair para US$ 70 dentro de três meses, de acordo com o Goldman Sachs.
“Não esperamos nenhuma melhora na demanda por aço pela China no próximo ano”, escreveram analistas do Goldman em nota. Novos empreendimentos imobiliários devem encolher 20% em 2023, já que não houve “nenhuma indicação de uma reversão do princípio de Xi”, escreveram.
Há outros obstáculos. Os lockdowns rigorosos da Covid-19 também dificultam a atividade das construtoras, e a demanda global por aço oscila com a turbulência que atinge as maiores economias. O uso global de aço vai encolher este ano, prevê a World Steel Association. A oferta de minério de ferro no mercado também aumenta.
Mas a crise do mercado imobiliário na China é o fator que mais pesa, porque o setor normalmente responde por entre um terço e metade da demanda por aço do país. Os preços do vergalhão – um produto onipresente nos canteiros de obras – caíram para o menor nível desde 2020 em meio à fraca temporada de construção.
Os produtores de vergalhão “aumentaram absurdamente a produção em um momento em que a demanda está caindo”, pressionando os preços e as margens, disse por e-mail Atilla Widnell, diretor-gerente da Navigate Commodities.
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