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Economia

Dados positivos nos EUA afastam temores de recessão, dizem especialistas

Mas dados podem fortalecer os argumentos para que o Fed continue elevando juros neste ano.

Indicadores dos Estados Unidos divulgados nesta quinta-feira (29) amenizaram os temores de recessão na maior economia do mundo. O Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu 2% no primeiro trimestre de 2023, acima da estimativa do mercado, que apontava alta de 1,4%.

Da mesma maneira, o número de pedidos de auxílio-desemprego caiu de 265 mil para 239 mil na semana encerrada em 24 de junho, segundo o Departamento do Trabalho. A projeção era de 265 mil solicitações.

Saks Fifth Avenue
Saks Fifth Avenue, em Nova York 04/12/2022. REUTERS/Jeenah Moon

“Os EUA estão em uma trajetória de ‘pouso suave’, sem preocupação de recessão para este ano. A política monetária está sendo acertada na medida e tempo certos”, avalia o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini.

A visão é que os dados positivos divulgados reforçam a visão de que, apesar da política monetária contracionista, não deve haver uma crise severa no país. 

Mas, embora afastem temores de recessão, os dados podem fortalecer os argumentos para que o Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, continue elevando sua taxa de juros neste ano. Jerome Powell, presidente da instituição, já disse acreditar que pelo menos mais duas altas nas taxas serão necessárias para controlar a inflação.

Agostini, no entanto, ainda não enxerga a necessidade de elevação de juros, mas sim de “avaliação dos dados por ora”. O economista aponta que um crescimento de 2% é o “normal” para a economia norte-americana, portanto não se torna algo preocupante. 

“Em meados do ano passado, a inflação teve seu pico e, desde então, vem sendo reduzida. Ainda está longe do nível de 2% que o Fed projeta, mas deve alcançar esse patamar até meados de 2024. Os juros não devem subir novamente no país tão cedo”

Alex agostini, economista chefe da Austin Rating

Na última reunião de política monetária, em 13 e 14 de junho, o Comitê de Mercado Aberto (Fomc) decidiu manter os juros no patamar atual de 5% e 5,25%, interrompendo o ciclo de aperto monetário iniciado em março de 2022.

De olho nos dados

Ainda nesta semana, o país divulgou que a taxa anual referente às compras de imóveis novos subiram ao ritmo mais acelerado em mais de doze meses. Os pedidos de bens duráveis superaram as previsões e a confiança dos consumidores foi a mais alta desde o início de 2022. 

A Guide Investimentos avalia que “a forte recuperação dos ativos de risco nos EUA se deu diante de uma leitura melhor do que a prevista para o índice de confiança do consumidor de junho”. Na visão da casa, isso reforçou apostas em uma economia mais resiliente. 

“O dado foi mais um número que corroborou a visão que, apesar da perspectiva de juros mais altos por mais tempo, a principal economia do mundo contempla um ‘pouso suave’, com chances reduzidas de uma recessão de maiores proporções”, complementou a Guide.

Preocupação generalizada

Embora a apreensão do mercado não seja a de uma recessão neste ano – ou tão cedo em 2024 –, caso o clima mude, grandes preocupações devem surgir.

Uma delas é em relação ao sistema financeiro norte-americano, que talvez não tenha a resiliência necessária para lidar com uma inadimplência mais forte. “Essa preocupação se agrava após os acontecimentos em março deste ano, com a quebra do Silicon Valley Bank e do Signature Bank no mesmo período”, reforça Agostini.

Contudo, todos os 23 bancos norte-americanos foram aprovados no teste de estresse anual mais recente do Fed, que encena uma recessão severa. As instituições conseguiram manter os níveis mínimos de capital, apesar de perdas projetadas no total de US$ 541 bilhões.

Outra angústia que pode tomar os mercados é a possibilidade de contaminação generalizada em países desenvolvidos e emergentes. 

Para se proteger dos efeitos da crise, no Brasil, a renda fixa pode ser uma boa opção, segundo o economista. “Em um caso de crise, os juros localmente são muito sensíveis a esses momentos e costumam subir”, explica Agostini.

Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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